Périplus era um servo de um senhor rico da Antiga Grécia. A certa altura, veio a descobrir uma verdade inconveniente que acabaria por torna-lo num espectador especial da vida.
Triste com tamanha desfaçatez, de quem ao longo de muitos anos lhe escondera a verdade, decidiu fazer as malas e partir em direcção a MERMES, cidade longínqua que tinha fama de ser mística e onde moravam os mais imponentes adivinhos e os mais procurados videntes. Certo de que seria altura de partir para resolver o seu destino, Périplus anunciou ao seu senhor a intenção de viajar e que regressaria num ano. O nobre pagou os serviços e ainda lhe adiantou algum dinheiro para que este não ficasse sem recursos em pouco tempo.
Partiu então a cavalo pelos caminhos percorridos por muitos, em busca da alegria e da sabedoria e de esquecer a tristeza que lhe assomara o coração.
No fim do primeiro dia, e ao caír da noite, cumpria-se a profecia.
O cavalo em que seguia morreu. Périplus dizia mal da sua vida. Seguiu a pé pelos caminhos esguios da planície e foi juntar-se a outro caminhante. Ao cumprimentá-lo, o caminhante fechou o seu rosto e tornou-se carregado o seu semblante. Périplus desconfiava que se esgotava o tempo da sua cura. Por muitos quilómetros foi reparando que em tudo o que tocava, as alterações se tornavam visíveis. As flores que apanhava murchavam, as árvores secavam, as moedas em ouro tranformavam-se em cobre e ele sentia seu coração a definhar.
Périplus tornara-se o homem mais triste do mundo e em tudo o que tocava transformava em tristeza.
Chegado ao templo mais reconhecido em MERMES, o adivinho lembrou a Périplus que tinha sobrevivido em criança a uma peste devido a uma maldição, que seus pais pagariam por ele, mas como tinham morrido muito cedo, o jovem carregava em si todo o peso de estar vivo. Então o adivinho e sábio cartomante, explicou que só estaria curado quando encontrasse a pessoa mais feliz de todo o mundo.
Percorreu então mais uns dias de caminho e encontrou uma cidade em que ninguém trabalhava.
Estavam em festa permanente e foi ao encontro do seu líder. Depois de conversarem durante algum tempo, Périlplus percebeu que aquele líder era a causa da alegria, contagiava toda a gente que vivia naquela cidade, e este não estaria disposto a equilibrar a sua alegria com a tristeza daquele homem.
Então, ao terceiro dia de estadia esperou pela parada e tocou pelas costas o líder. Mas nada aconteceu.
Regressou triste e encontrou seu senhor morto e sua casa fechada. Périplus vageou muitos anos pela cidade e morreu triste e só.
O destino dele não era este, mas a sua ganância e impaciência, encerrou dentro dele toda a tristeza. Deixou de espalhar a tristeza pelos outros, ficando condenado a carregá-la para sempre.
O final, esse, é triste.
A moral, essa, está na forma como se encara a vida. Não se encontra a nossa felicidade ao espalhar a triteza pelos outros.
P.S. Périplus não faz parte da mitologia Grega, nem é familiar do Rei Midas - embora pudesse ser primo....
P.S. 2 Dedicado aos camelos.... (elogio saudável...)
P.S. 3 Se ouver alguma estória destas agradeço que me identifiquem o autor ou então não me acusem de plágio porque esta é minha...pantalones...
sábado, 7 de julho de 2007
Périplus e o seu dom
Publicada por S. G. à(s) 19:20
Etiquetas: Delírios Saudáveis, Mitologia, Moral
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