sexta-feira, 28 de setembro de 2007

despeço-te

(sentado na berma da estrada, junto aos separadores da rua, estive a contar os carros verdes que passaram. e depois contei os que traziam uma só pessoa, e depois os que vinham de vidros abertos, e depois os que...e depois esqueci-me do que tinha contado. pensei que seria um pouco inútil perder tempo com essa tarefa. se bem que naquela hora eu não sentia necessidade de pensar em nada. e aquilo até era engraçado.)

lembro-me dos joelhos tortos. dos anéis que chamavam atenção a quem seguia em qualquer outro lado da rua.

(mas aquele momento é sempre difícil perceber o que se sente de real e o que se não se sente de imaginário. depois de duas horas, e depois de um velho se ter sentado na paragem do autocarro a falar sozinho, decidi então que o melhor era não fazer nada. absolutamente nada. para a despedida de todos os dias, que vem acontecendo a todas as horas, eu assinei em branco, de olhos fechados.)

lembro-me até de ter estado no alto do edifício e de ter sentido vertigens. aquele era também um estado de alma em queda. só não a vemos cair mas ela vai e vem. por isso sentimos fugir as alturas.

(com dias dispersos no calendário, segui como na cabra-cega, um jogo do esconde-esconde em que todos vemos tudo.)

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