quinta-feira, 25 de outubro de 2007

fogachos da vida dele

[330]

(estava há muito sem escrever entre parêntesis) vai daí voltei com os "queres falar?"

(não é por nada em especial. é só porque esta personagem que habita na minha cabeça, está em estados de descanso prolongados tal qual os ursos. hibernações constantes. procuras de certezas que nem eu posso entender. nem posso interferir. )

[vai daí dei por ele a esgravatar no livro que diz querer escrever. anda num corropio de investigações. análises de livros, leituras de artigos de jornais, entrevistas, fotografias, etc. etc. anda há muito pela biblioteca. pensou muitas vezes em desistir dessa ideia de escrever um livro e eu apoiei. disse-lhe que talvez fosse melhor ler mais, estudar mais sobre a teoria de escrever bem. e aconselhei um curso de escrita criativa da velha-a-branca (não percebi porque me disse que não podia ir aí). depois de alguns dias em catarse inspeccionativa interior acordou-me a meio da manhã. dei por mim a ouvir o escritor (sim o facto era já consumado) no meio de uma consulta de dermatologia. o cubano era muitas vezes incompreensível, e ouvir os dois ao mesmo tempo foi o cabo dos trabalhos. no final percebi quase confundi as coisas e só após alguns minutos de espera na fila para pagar percebi que o livro não resolvia a psoríase, nem na farmácia se vendiam estórias (o francisco j. v. aconselhou isso há dias).
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[à hora do almoço sacode-me o braço e diz que já encontrou a inspiração necessária e a que há muito não via. era uma mulher. diz-me que ainda sente o cheiro dela. que não a esquece e que mesmo que ela já não exista, está pronto para se lançar na aventura com o barco e os remos que ela deixou. disse-lhe que parasse que um dia falaríamos melhor.]
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[à hora do jantar (até dei um salto na cadeira) veio de repente e em altos brados gritando "eurika", nesse momento olhei para ele e respondi em tom sério, diz-se "eureka" e diz-se também boa-noite. virou-me as costas.]
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sei que queria escrever qualquer coisa sobre a guerra colonial. não percebi em que perspectiva. há quinze dias que não o vejo e por isso suponho que ainda ande nas suas pesquisas.
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(tenho saudades das parvoíces do escritor.)

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