[404]
havia naqueles dias frios uma brisa matinal que aquecia os dedos, mas só quando o sol incidia sem inclinação. eu via as manhãs como elas eram, na sua essência, em parte brutais arranques de consciência aos sonhos, noutras vezes mais doce como o embalar das horas crescentes.
.
era naquela terra o homem das coisas simples. via em linhas desenhadas no ar, os ângulos e as inclinações que faziam as ruas e os edifícios. e depois de anos sem fio, passos firmes e desenvoltos, voltei há minha terra. a esta terra. onde ainda sei que no natal se comemora o nascer do menino. ali naquela meia-noite de galos, esfreguei as mãos no calor da brasa para me aquecer. e as noites eram de alegria em fundo preto. só o granito destoava.
.
sei que aqui, pertenço aos moderadores do tempo certo. aos que sabem que o tempo aqui passa sem pressa porque nascemos aqui. e aos que sabem que quem morre um dia volta de manhã a esfregar as mãos para as aquecer.
.
e todos juntos, somos estas pedras desabitadas.
Sem comentários:
Enviar um comentário