Gostaria de registar o regresso de Black Francis, o mítico e pantagruélico vocalista dos Pixies, à boa forma. No seu albúm de regresso "Bluefinger"Frank Black parece finalmente aceitar o pesado fardo de "rock-icon" enquanto fundador de uma das principais bandas de referência nos anos oitenta/noventa (testamento corroborado pela fé com que o já canonizado Kurt Cobain depositava no "evangelho" musical dos Pixies) pela sua inacreditável fusão de elementos alternativos na composição e execução musical (as letras dos pixies falam-nos estridentemente desde o surrealismo de Un Chien Andalou até à pedofilia sem esquecer os OVNIS, sim, OVNIS, com sotaque espanhol!!!)
Charles Thompson IV, vulgo Frank Black volta a pegar naquilo que de melhor fez nos Pixies, a acutilância visceral dos seus rugidos, sussurros, ginchos e até risos, munindo-se de melodias com refrões e ganchos melódicos, preenchidos por linhas de percursão rápidas e impetuosas, sem esquecer o contributo indispensável que a voz feminina, hipnótica e monocórdica da sua esposa (em substituição da "Gigantic" Kim Deal) empresta à completude estrutural das músicas, de um albúm, bem pensado, executado, cantado e estruturado!
Quando um músico toca com inspiração, uma simplicidade brutal parece emanar naturalmente das suas palavras/composição. Sem complexos, sem recalcamentos, parece que finalmente Frank Black diverte-se e diverte-nos a tocar.
P.S.- Especial atenção ás seguintes músicas:
"Captain Pasty"- Registo punk, rápido, inspirado e desafiante (daquelas músicas que apetecem partir vidros e espancar alguém)
"Lolita"- melodia quasi-beatlesco pelo refrão que repete, sem complexos, as regras elementares de um adocicado "please, please me" e com uma sempre bucólica harmónica em replay dylanesco. (imprescindivel para bater côros)
"You Can't Break a Heart and Have It"- Música de ritmo contagiante e cavalgante, com acordes enigmáticos em crescendo. Como um assassino a respirar-nos sobre o pescoço. (Daquelas musicas com valor terapêutico, que nos fazem gritar em unissono o refrão em frente ao espelho)
3 comentários:
eu sou do tempo em que, quando passavam os pixies, e todos os rapazes diziam com orgulho,
"here comes the man"
(tipo saiam da frente que eu vou arrasar, ou abram alas a long jonh)
e as rapariguitas muitas delas imberbes seres por desmamar gritavam com aqueles pulmões virgens,
"Aonde, Aonde, Aonde, Aonde..."
É incrível como depois de tantos anos, sempre que oiço essa música há alguémn num bar a fazer a parte do "aonde, aonde, aonde" ainda que esse pedaço de letra nunca tenha feito parte da música.
Aliás, acho que faz parte do código deontológico do barman, pôr a tocar pelo menos uma vez por noite, todas as noites o famigerado "Here comes your man" nem que já cause náusea!
Impagáveis, são os primeiros versos da letra que falam dos trolhas que vão para a sereia da Gelfa, numa carrinha de caixa aberta, duvidam?
(ex:Outside theres a boxcar waitting...)
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