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ainda consigo amar a natureza da mesma forma que amava naqueles dias. eram os tempos de liberdade. em comunhão com o espaço em que acampávamos, sentíamos vibrar o sentimento puro, de certezas, de anúncios de pacificação, de ideias rebatidas ao luar, de fogueiras acendidas com caruma sobrante, onde nada se perde, ou onde tudo se transforma. e deitados tantas vezes ao relento, quente, afagante, aconchegante, dispersávamos em pensamentos viajantes, seguíamos pelo rio, a pensar ser o peixe em urgente subia. se as ideias fossem mais profusas, então a festa era sem dúvida a mais luminosa.
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sem muitas vezes percebermos que já havíamos voltado dessas viagens, regressamos tantas e outras vezes demasiado crentes, olhando o que ficara na mesma forma com outros desejos de posse. e então deitávamos, um dia após o outro, mãos à obra. até passar o tempo suficiente em que desistíamos de lutar e nos quedávamos pela apatia reinante. até o dia em que surgia a oportunidade de nova festa com a natureza. nesses dias pensei que quando crescesse seria mais senhor da festa, controlaria a minha emoção ao bel-prazer dos meus dias.
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contudo, assim não é. nem nunca mais será.
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