Antes que me comecem a esconjurar com miriades de frases feitas e plêiades de lugares-comuns politicamente correctos, passo a explicar:
"A Tolerância é muito fatela. Diria até, é bué da foleira!"
Este rubicão a que muitos filósofos dedicaram silogismos e pelo qual tantos poetas cantaram inspirados versos revelou-se uma tremenda conspiração mundial, que dia-a-dia, nos vai anestesiando e contaminando a consciência com tolices e falsidades.
Senão repare-se, graças á TOLERÂNCIA, nunca tantas bichisses estiveram na moda. Começando nas séries televisivas (excepção feita à Letra L, porque sempre vai mostrando umas mamas de vez em quando! No entanto, é sempre aconselhável televisionar a série em causa, sem som e sem ler as legendas, afim de evitar alguns dos diversos assuntos amaricados retratados) acabando nos apresentadores/actores/entertainers e muitas outras bizarrias da caixa mágica, sempre solícitos para nos convencer que a brancura imaculada dos seus novos dentes aliada aos fabulosos fatinhos feitos com material de cortinado e polyester serão capazes de salvar todas as desgraças do mundo(sim, estou a falar do histérico Gouxa). Não, não podem, apenas o vão tornando um bocadinho pior.
Neste momento estarão prestes a espreguiçar em jeito de crítica "porque não mudas de canal?", a resposta é simples, porque sou bem educado e como tal fui ensinado a ser condescendente para com a boçalidade, além disso o kitsh também é engraçado, também é artístico, e tudo?
Chegado aqui gostaria de dedicar um majestoso parágrafo à verdadeira sumidade do paneleirismo internacional, esse belo pavão do mundo do show bizz, o Cláudio Ramos pois claro! Novamente, é graças à TOLERÂNCIA que esse monstro da retórica e da argumentação pôde e pode sentar o cu (eu digo cu, porque há que começar a tratar as coisas pelos nomes!) no prime time da télvisão protuguesa! Para chegar a essa conclusão basta imaginar a entrevista de emprego de Claúdio Ramos ao chegar à SIC:
(Gestor de Recursos Humanos) -Pois muito bem, aqui no seu currículo diz que tem bastante experiência no ramo?
(Claúdio Ramos) - Sim, sim! Nunca ouviu os meus anúncios sobre a linha SOS FOFOCAS, com todas as novidades sobre os casos da Cinha e do Zé Maria. (sorrindo triunfalmente.)
-Além disso já trabalhei como portei... jornalista no "Diário de Cucujães".
(Gestor de Recursos Humanos) - E quer trabalhar na televisão porquê?
(Claúdio Ramos) - Porque o mundo precisa desesperadamente de saber qual a minha opinião sobre a situação geo-política internacional, além disso, a Fátima Lopes precisa de um fiel séquito de bajuladores a que estarei disposto a anuir. Além disso, tenho uma linda voz de Soprano que pontualemte só os canideos são capazes de ouvir.
-Aaah, e gosto de bananas!
(Gestor de Recursos Humanos) - Está contratado!
Enfim, se este mundo fosse um pouco mais intolerante e monista nas suas preferências, talvez vivêssemos numa época existencial dourada. Para tal bastaria que fôssemos um pouco mais fascistas ( se o nosso "primeiro" consegue e têm sucesso, porque não fazemos o mesmo?) um bocadinho mais chauvinistas, de forma a acabar com as modas parolas que adoptamos tão facilmente do estrangeiro (aqueles toques de telemóvel com o crazy frog ainda hoje me causam calafrios) e por último, se Portugal e o mundo fossem um pouco mais machos, sem queixinhas, sem lamentações, sem floreados e desculpas, em suma, sem paneleirices!
P.S. Para aqueles que me lêem, gostaria de sublinhar que não identifico o termo paneleiro ou amaricado com qualquer tipo de preferência sexual, mas sim com a absoluta obnoxidade, ufanidade fanfarrona, nojo, asco, fastio, irritância sonora disfarçada de voz, verborreia infantil e paternalista, sob a forma de gente.
P.S. - 2- Enquanto teclava másculamente no computador fui inspirado pelas músicas viris do António Variações. (Ali, à homem! Com bigode.)
2 comentários:
ora aí está o que nos faltava há algum tempo...um reflexão filosófica sobre o cláudio ramos
:)
de muito nível, e sem dúvida que aqueles programas da manhã (ainda bem que não tenho tempo de os ver) acabarão com o resto de bom senso dos portugueses, já que cultura não têm.
Se isto chega as mãos dele é meio caminho andado para seres criticado na sagrada tertulia cor de rosa.
Diz adeus as festas do jet7, as aulas de etiqueta com a Paula Bobone e às conversas de maquilhagem com o Castelo Branco.
Estás marcado pela "alta roda" da sociedade.
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