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costumo dizer que vivo sem expectativas. é um mecanismo virtual que fui aperfeiçoando com os anos. foi fruto de vicissitudes várias, umas naturais e aceitáveis (à luz desta mesma perspectiva actual), outras mais fictícias, arrastasdas para as nossas vidas de forma voluntária. por sinal é fácil aprender com a experiência quando criamos formas de nos defendermos da dependência de excitação e vitórias.
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corremos o risco desnecessário de nos tornarmos despegados do sabor da alegria desmesurada (e é tão bom sentir isso), mas também nos desprendemos de disabores dispensáveis. com o passar do tempo, o sistema torna-se um vício - e nisso eu sou um às - de tal forma que inadvertidamente te enredas nos meandros do sistema criado por ti.
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podes mesmo perder a noção de que há sinais evidentes que mostram o domínio do sistema sobre ti. o mecanismo endémico, quase como um sistema imunológico anti-felicidade, vai dominando a percepção que tens de ti mesmo.
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quando deveríamos estar a festejar uma vitória, sentimo-nos impelidos a conter essa emoção. como se prevíssemos que a lei de murphy actuará a qualquer altura sobre nós. perdemos o momento. e ele nunca mais volta.
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agora que analiso esta minha teoria (aplicável apenas e só a mim) admito que de certa forma não é mau ter este sistema activo. é que num passado recente, admitir que o futuro iria melhorar a olhos vistos - como se fosse possível existir uma panaceia para isto -, correu muito mal. amanhã o lugar comum será o da catarse. e prometi um presente a mim mesmo, serenar debaixo do sol de inverno. e até os pombos dos clérigos me farão feliz. palavra de honra.
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(ressalvo que, apesar da promessa, a lei supra citada continuará a existir, embora eu me tenha concentrado noutra, mais especificamente nesta, sendo que compreenderão que um dia o acontecimento tentado acontecerá. veremos qual das leis é mais forte.)
2 comentários:
Engraçado, nem conhecia essa Lei de Murphy, julgava que esse género de frase fosse um ditado popular inventado por algum pessimista nato...
Também tive de procurar objurgação no dicionário... ;)
Jinhos!
somos dois :) ele existe para isso. há palavras que despertam textos inteiros. é a ignição que falta quando esmorece a vontade de escrever.
bjs
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