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não é que seja propriamente uma " [...] espelunca favorita de jazz no harlem [...]". é um espaço mais rural, sem luzes carregadas com neons garridos, sem a azáfama da big city, sem os delírios da cidade que nunca dorme. é mais pessoal o atendimento. há clientes que se conhecem há muitos anos, noctívagos de traços influenciados por noites perdidas na crença de encontrar um momento sublime de improviso. é a minha noite de jazz.
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até pelos traços da arquitectura se nota que o ambiente jazzistico vem de dentro para fora. só o som pode ornamentar esta casa com o requinte necessário ao ambiente equilibrado para a música. as bebidas são modestas - etilicamente falando - licores ou vinhos clássicos. só uma bebida tem um sombrero e do resto não sobra mais que atenções voltadas ao palco.
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desde que se proibiu o tabaco que os ambientes se tornaram mais respiráveis, os espaços menos carregados e a música começa a fluir mais naturalmente. são horas seguidas de improvisações de guitarras, solos de bateria do mais velho, rasgos de palmas aos milagres da destreza manual. e o público pede mais, vai cantando seguindo o apelo do cantor, vai-se impacientando esperando por mais um passo de mágica, como se o soul, jazz ou blues, se tornassem num hino de libertação. por entre as conversas das mesas entreabre-se a satisfação, há sorrisos animados, um casal ao canto mais recatado, e os mais velhos absorvem o ambiente como se para eles o tempo fosse mais urgente, como se para eles os dias de animação fossem uma emergência.
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aos poucos a noite fria vai quebrando a gente ao espaço. a hora avança e a partir daqui todos se atrevem a arriscar umas notas. a minha vez chega para cantar uma versão jazz de chico fininho. garanto-vos que se entranha em nós a melodia e vamos seguindo por intuição a tonalidade.
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é a minha homenagem ao chiquinho da bateria. é o velho que se entretém por aqui por paixão à música. é um baterista firme com parkinson.
1 comentário:
Gosto de sítios assim...que de especial só têm o que cada um de nós ali vê.
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