terça-feira, 25 de novembro de 2008

o gaijo nunca mais morre!

A "guerra-fria" acabou e o mundo já não assiste impávido ao digladiar entre duas superpotências. O mundo está diferente e o eixo do mal já não pode ser apontado com a anterior clareza maniqueista.
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Este pequena introdução (ao bom estilo Nuno Rogeiriano) serve de prolegómeno (ao bom estilo Pacheco Pereiriiano, ou seja, de pedantismo bazofeiro) a algumas considerações sobre o último filme do James Bond, estapafurdiamente designado de "Quantum of Solace". Sim, o mundo ansiava pela minha opinião sobre o último filme do espião mais conhecido do mundo ao serviço de sua majestade. Por isso (quer gostem ou não!) ai vai amiginhos:
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Para começar, o genérico e em relação ao dueto entre Alicia Keys e Jack White, apenas boas referências. Vultos de gajas nuas q.b. e umas quantas silhuetas tipicamente filme noir, mistério e suspense. Enfim, nada de novo mas também nada de que destoe numa franchise com mais de quarenta anos, que se construiu à custa de certos pormenores repetitivos mas que ajudaram a criar uma mitologia própria.
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O vilão, é uma espécie de Sarkozy com muito mau feitio. Por outras palavras um representante de uma poderosa corporação com interesses pouco altruistas (para não estragar a surpresa) que não sabe andar à porrada e que arrasta a sua interpretação/mais cómica do que própriamente ameaçadora à custa de uma expressão facial (brrrrrrrrrrrr, que medo!) perturbante. Saúde-se de pela primeira vez o vilão do filme não ter um maxilar de metal, três mamilos (sim, ainda hoje tenho pesadelos com o Sir Christopher Lee a abrir a camisa num provador da Zara) um gato, mãos falsas, uma pala ou qualquer outra prótese ou apêndice. O que se entende, porque depois do Austin Powers o filão de pequenas bizarrias físicas em vilões tornou-se...cómico.
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O James Bond. Bem, depois de sean Connery (que ao inicio também não havia satisfeito o autor da saga, Sir Ian Flemming) é preciso ter coragem, para assumir um papel outrora entregue a figuras de tão elevado quilate cinematográfico, como George Lazenby ou até mesmo Timothy Dalton (para quem não os conhece, são uma espécie de Paulo Pires australiano e galês respectivamente).
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Daniel Craig, é um Bond anglo-germânico, frio, insensível, violento, perigoso, sádico com uma pitadinha de sarcasmo e ironia tão tipicamente britânica. No entanto preserva a masculinidade necessária a um autêntico sedutor assassino "larger then life" e dispensa as paneleirices das "gadgets" que outrora pululavam os filmes anteriores (nunca gostei de ver o John Cleese a demonstrar ao James Bond o poder do "dentrífico assassino", ou das cuecas com câmara de filmar, já agora porque não o "telémovel pistola" ou uma "metrlhadora télemovel").
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As Bond Girls, boas! Agora a sério (porque já não vivemos nos anos sessenta) boas e...inteligentes!
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Em conclusão, vou dar umas consistentes três estrelas pelo bom entretenimento. Como aspectos positivos, o argumento (que conclui o arco narrativo iniciado em Casino Royale) escrito por Paul Haggis (um dos mais prestigiados argumentistas/realizadores da actualidade) a acção (que preserva a nostalgia da série mas actualizando-a para a violência menos estilizada dos nossos dias) e a mudança de rumo que a série pretende levar (tornando-a mais séria/realista) mas por outro lado subtraindo-lhe a faceta que (nos) apaixonou gerações, uma espécie de joie de vivre frivola e superficial à base de Martinis, carros rápidos, mulheres bonitas e lugares exóticos.
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1 comentário:

S. G. disse...

eu gosto do título. é como diz o pedro mexia (numa tradução muito pessoal) "E a que podemos aspirar na vida senão a isso: um módico de consolo?"