Comecemos pela citação supracitada, pertence ao mais sardónico e provocador escritor da actualidade (Miguel Esteves Cardoso) que deu ultimamente duas preciosas entrevistas (Vide revista Ler nº74 e revista Sábado nº235) e eis algumas das suas frases lapidares:
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Sobre Saramago:
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Acho os livros de Saramago mal escritos, no sentido de serem convencidos da sua própria grandeza. É uma éspecie de declaração ao mundo. A importância dos livros só se verifica muito tempo depois.
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Sobre os romances best-seller de Miguel Sousa Tavares:
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Não li (...) Não vou ler. As coisas que tenho para ler são tantas que não tenho tempo nem paciência para ler ficção portuguesa. Para além disso, não quero ler porque me vai chatear.
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Sobre os escritores ensombrados pelos defeitos e vícios da humanidade (Gunter Grass e o seu fascínio pueril sobre o totalitarismo ou Milan Kundera como potencial covarde delator):
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Isso é uma vertente humana (...) Mas isso, por amor de Deus, não tem nada a ver com a obra. A obra é uma coisa que fica. Se tirarmos os filhos da puta da literatura e da pintura ficamos com nada. Se se tirarem os bêbados fica-se com zero. Se deixarmos só os livros feitos por pessoas que se portavam bem, tratavam bem a mulher, eram bons amigos e pagavam as contas a horas, ficamos só com merda.
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Sobre o seu novo período (de absentismo alcoólico e de substâncias psicotrópicas) mais saudável :
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Eu hoje não tomo nada. Nem para dormir. Para mim, deitar-me à noite sem comprimidos era impensável. Parecendo que não, é um bocado javardice tu deitares-te à noite sem comprimidos. Pareces uma besta sadia. Pareço um matarruano. Eu agora durmo e sabe-me bem.
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Sobre Ricardo Araújo Pereira:
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É o cronista mais talentoso da sua geração. Ele é escritor, um actor e um pensador.
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Sobre Saramago:
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Acho os livros de Saramago mal escritos, no sentido de serem convencidos da sua própria grandeza. É uma éspecie de declaração ao mundo. A importância dos livros só se verifica muito tempo depois.
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Sobre os romances best-seller de Miguel Sousa Tavares:
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Não li (...) Não vou ler. As coisas que tenho para ler são tantas que não tenho tempo nem paciência para ler ficção portuguesa. Para além disso, não quero ler porque me vai chatear.
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Sobre os escritores ensombrados pelos defeitos e vícios da humanidade (Gunter Grass e o seu fascínio pueril sobre o totalitarismo ou Milan Kundera como potencial covarde delator):
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Isso é uma vertente humana (...) Mas isso, por amor de Deus, não tem nada a ver com a obra. A obra é uma coisa que fica. Se tirarmos os filhos da puta da literatura e da pintura ficamos com nada. Se se tirarem os bêbados fica-se com zero. Se deixarmos só os livros feitos por pessoas que se portavam bem, tratavam bem a mulher, eram bons amigos e pagavam as contas a horas, ficamos só com merda.
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Sobre o seu novo período (de absentismo alcoólico e de substâncias psicotrópicas) mais saudável :
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Eu hoje não tomo nada. Nem para dormir. Para mim, deitar-me à noite sem comprimidos era impensável. Parecendo que não, é um bocado javardice tu deitares-te à noite sem comprimidos. Pareces uma besta sadia. Pareço um matarruano. Eu agora durmo e sabe-me bem.
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Sobre Ricardo Araújo Pereira:
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É o cronista mais talentoso da sua geração. Ele é escritor, um actor e um pensador.
O amor, a Pátria, a amizade, o sangue, o pão. É nestas coisas que acredito. Isto é mesmo verdade.
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(Miguel Esteves Cardoso, As Minhas Aventuras na República Portuguesa)
5 comentários:
Sempre gostei desse gajo, ainda que umas vezes concorde com ele e outras não.
Acho que a observação acerca da inutilidade de eliminar todos os "filhos da puta" das artes é brilhante. Independentemente das suas vidas, há "filhos da puta" que são grandes na sua obra e é pela sua obra que me interesso. Estou-me a cagar para a vida pura ou pecaminosa que tenham tido.
li as duas entrevistas com muita atenção e é de facto uma pessoa muito simples. não quer editar romances apesar de ter mais livros escritos (prosa portuguesa só mesmo da agustina), não edita poesia (que tem aos milhares) porque não presta e está tudo dito na poesia em portugal (e tem muitos nomes bons). concordo com ele quando diz que se deve escrever para toda a gente ler, é uma forma de crescimento.
eu prefiro para já ler e conhecer a prosa portuguesa e a poesia.
é uma pessoas simples, agora pobre (diz ele) e com menos dinheiro para droga :) mas por isso se dá mais valor ao que se tem.
é uma figura incontornável. por isso mesmo é que prefiro conhecer quem temos cá. a começar por ele.
Concordo com muitas coisas ditas por ele. Comprei a 'Sábado' por causa de o ver na capa. Gosto do 'grosseirismo' eclético dele, da frontalidade, e da simplicidade.
Contudo, Saramago continua a estar no meu top.
saramago no top :) sim. sim sim.
e o mec é fabuloso. ri a bom rir quando ele diz que inventava bandas estrangeiras e os "intelectualóides" diziam-lhe que tinham visto a banda e que não era grande coisa :) é o maior. pedrada no charco.
O Saramago é um pomposo!
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