sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

a realidade

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às vezes penso em escrever como um analista social, armado de palavreado e conceitos, teorias sociológicas (à boa maneira boaventura sousa santos), munido ainda de razão e certezas inabaláveis - doutra forma as opiniões não ecoam - e sinto-me um verdadeiro português, um mestre opinion-maker dominando a maiêutica, encerrando em cada linha escrita a luz que não entra na alegórica caverna de platão.
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gostava de vos dar esse prazer (em mim, já percebi há muito, esse efeito não pega) e que a vossa peregrinação a este espaço pudesse ser recompensada. tenho pena, mas para isso já sabem onde encontrar os jornais diários.
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mas se querem a realidade, aqui vai um opinião.
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a crise financeira e as subsquentes falências das empresas.
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recentemente, e depois de descobrir o blog do manuel jorge marmelo (o autor do livro há dias recomendado por mim - aonde o vento me levar) tive oportunidade de saber que a sua editora estaria em processo de insolvência, por estas palavras dele, e que o autor, sem outra forma de reaver o seu dinheiro, teria de ficar numa lista de credores, esperando que um qualquer processo judicial se resolva. fiquei a pensar que esses senhores lhe deviam pelo menos 2 euros da minha parte e que a desgraça deste país é que anda meio mundo a viver à custa de outro meio.
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no entanto, gostaria de dizer que a falta de eficácia, profissionalismo ou mesmo aselhice pegada de algumas editoras (ou empresas no geral) são também responsáveis pelo arrastar dos problemas financeiros, a par das megalomanias típicas. a saber,
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1 - em pelo menos duas editoras (livro do dia editores e quid novi) pedi informações de preços, livros ou gerais sem que obtivesse qualquer tipo de resposta. não será um bom exemplo da falta de organização?
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2 - na wook (plataforma de distribuição de livros da porto editora) fui obrigado a cancelar dois livros por falta de cumprimento de entrega dos livros.
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3 - na quasi (reparem como ainda ajudo a publicitar o site), depois de uma encomenda entregue a horas (tudo isto é pago com a devida antecedência) a segunda encomenda - que incluía uns descontos - já demorou um mês, com falta de resposta a emails e outras trapalhadas inexplicáveis.
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assim meus amigos, nunca podemos pensar só no que o país pode fazer para nos salvar da crise, mas também reflectir sobre o papel que temos de desempenhar como agentes consumidores, mas principalmente como trabalhadores. só assim poderemos almejar ter a certeza de que o dinheiro chegue para os nossos salários no fim do mês.
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eu tenho opiniões sobre o meu país. só não quero é ficar deprimido. prefiro ver o mundo com olhos de esperança reforçada num futuro melhor.
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1 comentário:

Teté disse...

O "chico-espertismo" vigorante neste país dá nisso: anda meio-mundo a enganar outro meio!

Gente do povo, da burguesia, da elite política reinante, passando por banqueiros muito sofríveis, a gerir mal tudo o que não sejam contas deles!

Sorry, S.G., vir aqui para o teu canto "mastigar" as minhas indignações, mas o rol é tão grande, que nem se sabe por que lado pegar...

Não comento blogues que considere "tacanhos", embora também não comente outros que considero aprazíveis, só porque não dá tempo para comentar todos, certo?

Beijocas, e bom fim de semana para ti!