segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

o que se passou foi isto

[1801 (junho/07 a dezembro/09)]
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foi de repente. nasceu de um vazio. nasceu para suprimir uma necessidade. não de falar, porque sou muito comedido no que digo - não vá eu dizer asneiras -, mas de um vazio farto. de um vazio tumoral. talvez reprimido pelo medo constante do erro, deixei-me demasiadas vezes quedar pelo imobilismo. hoje, apesar de se feito da mesma massa, corrigi a visão que tenho das coisas do mundo, materiais e intangíveis.
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mas foi de repente. nasceu assim de uma sinceridade para com a minha aversão à exposição. tudo sem conversas alongadas, sem monólogos chatos, principalmente porque o anonimato permite a liberdade das palavras, disfarça o receio e alarga a margem do horizonte.
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e dou comigo a mergulhar em livros impensáveis. a saborear poesias. a mergulhar num desconhecido ilimitado. a recalcular rotas, ansioso por despejar o conhecimento que isto proporcionava. tarde demais. estava já contaminado pela estupidez da publicação aleatória. e escrevia tudo. e acordava com frases despertadoras, adormecia com histórias brilhantes, ideias geniais, poemas perfeitos. enfim, dias e mais dias seguidos de epifanias e aforismos constantes.
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depois foram as visitas. depois os blogs novos. depois as pessoas invisíveis. depois mais blogs. e mais pessoas. uma espécie de conto de james joyce, em que reina a confusão e caos e no fim tudo encaixa perfeitamente.
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descrevo isto como se fosse um sofrimento. não foi. é-me ainda difícil passar uma mensagem nítida, peço desculpa. dois anos e meio nisto e nem conjugações gramaticais sei respeitar. é uma pena. poderia ter ido longe, e houve dias em que imaginei a glória da publicação e do reconhecimento. que vergonha. verdade. a minha vergonha atinge níveis estonteantes por vezes, de tal maneira que sinto a pior vergonha de todas, vergonha pelos outros (não é a pior de todas, nuno?). é a raiz católica. está demasiado entroncada na epiderme e por vezes ignoro o seu poder. vergonha porque não é verdade que almejasse o brilho do estrelato. longe, muito longe.
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adiante. interessa que não foi um sofrimento. viver neste blog foi de um prazer incrível. ganhei a noção da importância que merecem as críticas. e das limitações. acreditem, nada foi mais importante do que perceber as limitações. e sempre dei destaque a verdadeiras inspirações intelectuais. por pura inveja criativa, exaltei o que de melhor li por aí.
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mas há muito mais. muito que ficou por dizer. muito que se derrubou perante a desmotivação. perante o vazio que se esvaziava. para quê insistir num caminho que se perdeu em algum ponto? o prazer é muito importante, e quando ele se escusa lambuzar-te o corpo, não devemos pedir compaixão.
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e continuarei por aqui como o tal fantasma (prefiro assim, o contacto reduz-se nesse jogo de contrários). prefiro estar na escuridão a ler-vos. a ouvir-vos. a processar as vossas preciosidades literárias. as vossas lamechices. cabe tudo no meu espaço. no meu campo de visão. há muito que me livrei da intolerância. e é aqui que reconheço outra vez uma inaudita capacidade messiânica (a tal raiz). é como se o desequilíbrio mental lhe desse para me converter em apóstolo das reconversões negativas (como se a minha vida se resumisse a salvar os perdidos na tristeza).
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como convém a este último post, a extensão do texto por vezes apressa-se a adensar o monitor. dirão que não tenho mais nada importante a fazer. também a isso me habituei.
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em jeito de despedida, limito-me a limar arestas. a intervenção pública nunca foi muito a minha vocação. é minha responsabilidade, como de todos, escrever algumas indignações (olha que bom nome para um novo blog...) dar algumas ideias e apoiar manifestações. não foi minha intenção livrar-me dela. mas como existem muitos blogs com essa matriz, este nasceu diferente e não podia mudar a sua natureza. e também convém agradecer a todos os que colaboraram comigo. aos meus amigos que escreveram esforçadamente, e que se empenharam para tornar este espaço agradável. basicamente foram eles os primeiros a ler-me e a tornarem isto interessante. para todos um bom ano de 2010.
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como disse, não faz sentido insistir em algo que já preencheu o seu espaço. preencheu o vazio. cumpriu a sua missão. nada é mais triste que o definhar e quero que este blog morra com um sorriso nos lábios.
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e não se esqueçam, se um dia lerem um novo blog interessante, esse pode ser um eu-diferente.
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e pronto. o que se passou foi isto.
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

trânsito e hipers

[1800]

antes que me esqueça,
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bom natal e feliz ano novo
(até breve)

dos nossos inquéritos

[1799]

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parece que o país pensa o mesmo que o governo.
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

os fins que justificam os inícios

espero que sejam apenas umas férias e que o pedro morgado volte com um novo projecto.
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deixo-vos um poema do mesmo blog publicado pelo eduardo jorge madureira em jeito de despedida.
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Erich Fried
(100 Poemas sem pátria. Lisboa: D. Quixote, 1979)
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O QUE ACONTECE

Aconteceu
e acontece agora como dantes
e continuará sempre a acontecer
se não acontecer nada contra isso

Os inocentes não sabem de nada
porque são demasiado inocentes
e os culpados não sabem de nada
porque são demasiado culpados

Os pobres não dão por isso
porque são demasiado pobres
e os ricos não dão por isso
porque são demasiado ricos

Os estúpidos encolhem os ombros
porque são demasiado estúpidos
e os espertos encolhem os ombros
porque são demasiado espertos

Aos jovens isso não preocupa
porque são demasiado jovens
e aos velhos isso não preocupa
porque são demasiado velhos

Eis por que não acontece nada contra isso
e eis por que razão aconteceu
e acontece agora como dantes
e continuará sempre a acontecer
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Como Treinares o Teu Dragão

Antestreia do filme "Como Treinares o Teu Dragão", dia 20 de Março no Estádio do Dragão. Venha e traga a sua família. Muitas actividades antes da exibição do filme 3D da DreamWorks.


Todos os detalhes no blog Como Treinares o Teu Dragão.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

círculos uninominais

[1797]

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seria interessante perceber o que dirão os negociantes da zona, que até terão votado nele para representar os interesses do porto.
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não costumo ter discurso regionalista, até porque o porto não é o norte, mas todos nós beneficiamos da organização nessa cidade, tal como teríamos beneficiado se o cirque du soleil tivesse estado mais próximo, e não em lisboa.
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posto isto pergunto eu, regionalização? para quê?
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Camião arde na auto-estrada.

Ontem, quando vinha para Braga, esperava apanhar gelo e frio na estrada. Não esperava apanhar fogo...


Paris, Je T'aime (2)

[1795]

só para completar o post anterior.
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já agora, arranja-me o filme faxavor...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Paris, Je t'aime

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

a prepotência do tempo

[1793]

tenho uma memória de merda.
mas não raras vezes sinto que este blog será, ele próprio, a memória da merda que fui.
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os inquéritos paraparlamentares

[1792]

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Concorda com o casamento entre homosexuais?
sim
nao
pollcode.com free polls

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concorda com a adopcao de criancas por casais homosexuais?
sim
nao
so com referendo
pollcode.com free polls

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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Telhados de Vidro

Li ontem, no pasquim "A Bola", uma crítica pertinente à forma parcial com que os jornais espanhóis lidam com o seu futebol, assumindo publicamente as suas preferências clubisticas. Que verguenza caros hermanos, que verguenza... venham aprender para Portugal, onde a imprensa é verdadeira, imparcial, justa.

Não, agora a sério... Foda-se! (este foda-se tinha mesmo de levar um ponto de exclamação) É preciso ter lata.