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se me dessem um mês de vida eu faria apenas e só uma viagem. não queria saber de quimioterapia. nem de cuidados paliativos. corria à primeira agência de viagens, com o mínimo conhecimento e oferta de condições credíveis, encomendava a viagem, preparava tudo, em agonia é certo, mas iria viajar sem olhar para trás.
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quando chegasse e sentisse o frio enrijecer todos os músculos do meu corpo, daria razão ao meu amigo, aquela cidade é muito fria no inverno. e desceria a respirar o ar cuidadoso e cosmopolita. ia rir, ou chorar, se percebesse que ali era o espaço que eu deveria ter partilhado a minha vida toda.
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depois de me instalar no hotel, a primeira saída seria ao parque. ao enorme parque. sentar-me num daqueles bancos de jardim, a respirar o puro ar da vida em corrida, em jogging. fecharia os olhos e ouviria a canção dos anos 80, "and in the naked light i saw / ten thousand people maybe more", e inspiraria pelo final descansado. eu, o meu eu em descanso, em finita descrença.
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se tivesse um mês de vida, ia a nova iorque.
1 comentário:
Pois é verdade, as pessoas são muito diferentes... Concordo com tudo o que disseste, excepto com o local escolhido para última viagem. Nova Iorque, para mim, seria mesmo um dos últimos destinos, depois de conhecer praticamente o mundo inteiro (o que está longe de estar perto de acontecer)
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