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pensei em matar de novo o poeta. não que tenha alguma coisa contra. até me tem trazido muita inspiração (acho eu - melhor os anónimos avaliarem isso). mas o homem também transporta demasiado medo, demasiada incerteza, demasiado chão onde os passos não são firmes. e eu que posso fazer por isso. nada. em especial pela tragédia grega que lhe corre nas veias. de facto tanta tendência para a tristeza, traz pouca sorte. o destino começa a rondar de mansinho a fatalidade reinante. e eu que posso fazer por isso. nada. não se admirem pois que o poeta possa morrer. de novo. seria pois "o ano da morte de fernando pessoa - e seus heterónimos". vou deixar o tempo falar. se me fizer tropeçar o amanhã, encarrego-me de encomendar o fim do lamechas. e em boa verdade, irá nascer um novo eu. um outro eu mais igual aos outros comendadores da parvoíce. mas que vencem sempre. e se vencerem desta vez, eu próprio pago o funeral. e eu próprio pago um jantar de apresentação do novo eu.
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ou então até ganho. deixem ver.
7 comentários:
Se, depois de eu morrer...
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro
muito bem...parabéns. esse é sem dúvida um excelente poema. eu tenho lido o alberto caeiro...e de cada vez que abro uma página nova encontro novos sentidos nas palavras.
obrigado (ainda não sei a quem, nem como cá veio parar, mas não importa, tem contribuido com qualidade para o blog)
Nina,
Lindo!!!
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
olha quem é ele,
o meu grande amigo, rui maga...
essa portentosa citação porventura é original, ou poderemos saber o autor?
já agora uma saudação para essa cidade maravilhosa, e um enorme abraço para o português mais estrangeiro que eu conheço.
Mario de Sá Carneiro.
O mais íntimo amigo e o maior admirador de Fernando Pessoa.
Abraço Sérgio!
(para mim não és ZéZé, não és Fernando Pessoa, nem mesmo Sr. Gomes.)
mário sá carneiro, muito bem escolhido,
um abraço ao magalhães (sim mesmo que sejas rui), o magalhães é o teu cognome magestático, ainda por cima agora és o rei de madrid.
um forte abraço amigo!
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