sexta-feira, 30 de maio de 2008

o júlio não está

[1013]

é bem verdade que por vezes o nosso trabalho dá-nos motivos de alegria. um dia destes queria falar com o júlio e em vez do júlio sai a filha à porta.
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pausa. respiração profunda. aqui vai disto (que melhor aparição não haveria)
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bom, armo o discurso repentino e eloquente de modo a impressionar a moçoila. vai argumento de expropriação, amigável e sempre de boa fé, que se trata de servidão admnistrativa, relembro os peritos de defesa, as possibilidades de resposta e recusa, as nomeações dos tribunais servem posteriormente para as vistorias ad pertuam rei memoriam, e se necessário estaremos na disposição de uma negociação mais profunda.
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e o ónus fica registado na parcela de terreno?
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ela sorri. diz que é advogada. e eu também me ponho a sorrir e a pensar que mal de mim se me lembrasse de inventar alguma coisa algum dia na minha profissão.
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se precisar de advogada recorro aquela maravilha. relação estritamente profissional, claro.

é capaz de não ser possível, mas

[1012]

se virem algum maluco a correr estrada fora, depois das seis da tarde, a gritar venha o sol e o fim-de-semana, sou eu.

ao zé manel

[1011]

as vidas, sim, as muitas que vivemos e sonhamos, ou as que pensamos viver ou mesmo as que fomos sem a termos decidido percorrrer, deixa-nos uma certeza, não há uma só pessoa em nós. há muitas. pensei hoje mesmo que quando o blog fizer um ano vou mudar de alter-ego. florentino ariza será o meu novo personagem. mas o zé manel não sou eu. e por isso deixo-lhe dedicada uma parte de um soneto de bocage,
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Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
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"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
..
ao zé um grande abraço

já la vai o tempo...

Nos dias que correm censura é uma palavra que felizmente é pouco usada e falada por todos nós... Liberdade de expressão e democracia foram causas defendidas e felizmente conquistadas já lá vai algum tempo!
Sendo membro deste blogue que muito valorizo o espírito que nele “brilha”, digo ao Sr. Administrador que censura a este nível NÃO… apagar posts, do zé manel, mas pq!!?
Caro administrador espero que este acto desagradável e antidemocrata seja bem explicado e acompanhado com um bom pedido de desculpa a todos nós membros e leitores deste agradável blogue e em especial ao Zé manel…

Um abraço para ti zé manel, terás sempre o meu apoio.

FODA-SE

Acabei de receber uma mensagem dizendo que o administrador do blog apagou o meu ultimo post.
A minha mulher tambem me apaga os numeros de telemovel das gajas boas, mas eu arranjo-os sempre outra vez.
Pois bem caro administrador já parece ela, mas a mim ninguem me cala.
Que não se repita.

cinenimação

[1008]

não tinha referido anteriormente que a minha priminha me ofereceu o convite para este filme. foi há uns dias na ante-estreia. o reino proibido.
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mais um filme premiado em cannes. não anda muito longe do estilo do já aqui visto, a morte do senhor lazarescu. muito realismo, uma roménia degradada pelo comunismo. uma vida difícil com tantas restrições. uma jovem grávida que procura a todo o custo um aborto proibido (parece mas não é portugal). as peripécias e as vicissitudes a que são sujeitas para conseguirem o aborto mostra a degradação dos valores e a inversão do respeito (sem questionar o aborto em si - a escolha individual deve imperar).

4 meses, 3 semanas e 2 dias (****)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

a minha boca (até quando) ao separar-se da tua *

[1007]

hei-de voltar a ver o estado em que me compus de notas soltas
uma partitura vazia à espera dos dedos certeiros de compositor
que faça a escrita perfeita para o cancioneiro geral do amor,
ou das formas de amar. já não há quem se penitencie nas falhas
mas eu insisto em me contrariar na permanente inevitabilidade
a que assisto. não tenho tempo para desfazer um novelo amarrado
aos meus dedos, feito de nós do passado. resigno.
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(já não há paciência para aturar a impertinência do tempo)
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* oiçam aqui o camané

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Evolução da forma de roubar

Se o preço do Beirão aumenta-se como tem aumentado os combustíveis, faziamos uma revolução!

Camurcinas da Bola... apenas uma ideia.

O Euro está aí à porta e acho que devíamos escolher, entre os jogadores portugueses convocados, o "Jogador mais Camurcina da nossa selecção".

Os critérios são:

- Calibre de gandulice.
- Apetencia para demonstrar em campo a graciosidade de um leitão.
- Declarações à imprensa (bem azeiteiras).
- Mau feitio em campo.
- Entre outras coisas do género. Género azeiteiro obviamente!

O nosso designer de serviço, se tiver tempo, podia desenhar um troféu "bem maneirinho" como diria o mister Scolari.

porque continuam a chamar-lhe circo?

[1004]

para a gente não esquecer o dia em que vimos mais um fabuloso espectáculo.
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Teorias da Conspiração



Eu não sei mas... acho que isto faz parte de alguma conspiração deste senhor e da Hasbro para dominar o mundo, começando logo pelas crianças!

Em 1952 a Hasbro lança este boneco "Mr. Potato Head" (deve ter sido para abrir caminho e "indrominar" as cabeças dos putos!

Umas décadas mais tarde este senhor torna-se presidente de um clube português...

Isto são coisas da máfia!

via

XICOS


Alguém dizia: "curioso ... chamo Xico e olham todos!!!" è verdade sim ó Xiiico.

A minha prenda para os Xicos e demais camurcinas, apesar das camurças terem sido bem grandes nos últimos tempos, é a substituição da garrafa pelos pipos.

Aproveito este espaço lúdico e bem frequentado para felicitar e agradecer a animada participação dos Xicos e toda comunidade camurcina no grande evento da semana passada!! Foi para mim uma grande satisfação ouvir o badalo.

Para a próxima experimentem com a panela cheia...

terça-feira, 27 de maio de 2008

porque é sempre uma begueirice aproveitar o espaço do post 1000, mas eu não resisti f...da-se!

Gostaria de aproveitar o momento de alto prestígio (o post 1000) alcançado pelo melhor blog da actualidade (sim, o blog do Pacheco Pereira!) e felicitar o nosso mentor espiritual, no mundo do comentário na blogoesfera, (sim, és tu nandinho!).

Obrigado, porque sem ti, caro Guru do aforismo, uma legião, uma pleiade, um grupo vá lá, duas ou três pessoas,em suma, os teus amigos, ficariam tremendamente aborrecidos e sem nada de (in)útil para fazer nos intervais das coisas sérias (como o trabalho e cenas...)

Acima de tudo, agradecer a todos os que participam neste blog, que é muito provavelmente o melhor blog do mundo a seguir ao "gatas qb" que também é muito bom, mas que não se aproxima da categoria do nosso ponto de encontro bracarense.


Obrigados!

nota 1) para mim próprio: escrever um post sobre o pessoal que repete muitas vezes as expressões "espectacular" ,"o mundo do...","obrigados" e "tipo...";

nota 2) para mim próprio: escrever um post sobre o capachinho do Tony Carreira. eu acredito, ajudem-me a desmascarar esse impostor capilar.

nota 3) para mim próprio: dar uma carga de porrada (daquelas bem valentes) no pessoal que escreve "estórias" em vez de "histórias" só para parecerem mais eruditos; enfim paneleirices!

P.S. caro F.P. com muita dedicação e treino hades, hades conseguir chegar ao meu nível de escrita, hades!

1000 (ou a vã glória de escrever num blog)

[1000]
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(esta ideia de escrever o número aqui ao lado como referência da numeração do post, foi roubada não sei de onde. foi de um blog que foi encerrado há uns meses. e eu pensei, será que ele se importa que perpetue uma ideia engraçada? um dia escrevo que foi roubado, fico perdoado, e a ideia, que interessa mais que o interveniente, fica intacta para mais alguém roubar quando este nosso blog acabar. está feita justiça ao idiota)
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mas o que me levou a adiantar a naturalidade do parto 1000, foi a necessidade de reflectir sobre alguns assuntos menos óbvios. não um discurso tipo padre manuel vieira (embora alguns vejam um texto enorme e não o leiam), mas um pensamento simples e coerente, como diria o capitão moura. um homem tem na verade de ser justo, honesto, coerente e imparcial. mas acima de tudo verdadeiro.
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verdadeiro
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a mentira é um chão fértil, tão fértil que se espetarmos lá uma semente de verdade, há-de crescer um vale e azevedo. e a brincar a gente vai dizendo o que todos precisam de ouvir. não há nada tão indecente como a mentira. embora eu admita que há mentiras pequenas e grandes. as grandes são mais difíceis de engolir, são como uma fenda nesse chão viril que nunca mais se fecha.
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(já vos disse que tinha acabado de ler há um mês a pastoral americana? não porque o meu tempo (mas principalmente a minha vontade) não abundam. (ás vezes quero ir ver a loira à terça na adega e não tenho tempo). o livro é extenso, mais de quatrocentas páginas dedicadas à vida de um ídolo que cai em desgraça por ter uma filha tola, e mais tarde porque a mulher espeta um par de cornos, mas entretanto ele arranja uma mais novita e vive descansado até ao dia em que morre de cancro na próstata.
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o certo é que dou por mim a ler horóscopos, e eles acertam. tantas vezes que até me apetece telefonar à maya e agradecer o facto de ela me avisar para eu ter cuidado com as quedas. devia haver um ministério dos tarólogos-cartomantes-pai-de-santo-lança-búzios, e devia haver um número verde para as pessoas orientarem a vida. tipo, telefonar para lá só para saber onde abastecer o carro e perceber pelos astros onde está mais barata a gasolina.
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eu acho contudo que a brincadeira neste país é o brinquedo favorito. nem mesmo num post que era suposto ser sério, e meditar sobre as catastrofes naturais do coração e da vida, das suas agruras e imponderáveis, consegue ser sério. o que é pena.
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não me vou alongar porque está na hora do jantar, a minha mãe chama-me - sim esta mulher é incansável - e eu como filho pródigo que volto sempre no dia seguinte, mesmo aos fins de semana, não me posso arriscar a perder uma herança. e isso ainda afasta mais as potenciais compradoras deste produto.
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com certeza já repararam que estou a ler o livro do valter, e digo-vos que está uma maravilha. já vos disse que o homem lança novo romance em julho? esperamos pacientemente.
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desculpem a demora em dizer obrigado pelas visitas (quase 22.000) e pelas palavras que nos deixam todos os dias. mesmo as mais parvas como as dos anónimos.
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estarei por aí.

999

[999]

podia dizer que isto era um post agoirento. que o 999 é o disfarce do 666, o anti-cristo, o mafarrico (capeta), mas não. é pura e simplesmente porque me deu na gana de escrever o post número 1000 deste blog.
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assim sendo, este post espremido só dá mesmo para perceber a degradação do meu estado psicológico. sem necessitar de consultas permanentes, admito que a ala da psiquiatria da universidade do minho, precisa de um novo assistente. e mais, se aquilo fosse tão bem frequentado como é a ala de psicologia, admito que assinava contrato. mesmo sem adse, ou outras regalias, porque para regalo já bastavam aquelas meninas.
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(depois disto admito que o caso está a caminhar para o perdido)

recitação poética [3] (ou a tempestade depois da bonança vs as noites que insistem que eu não preciso dormir)

[998]

" A febre traz o delírio nocturno e as memórias confundem-se com os receios. Os fantasmas interiores desfilam ao lado da cama, provocadores, instigadores do remorso na culpa católica e sorriem com malícia relembrando o Inferno de dias esquecidos. Num acto de coragem solitário, arrumados a um canto escuro débeis e fragilizados, combatemo-los com o último fôlego na noite fria. Quando acabam por cair derrotados esfumam-se nos sonhos; só nesse momento se soltam as lágrimas da sobrevivência, da injustiça aniquilada, do pecado expiado. No entanto, na vingança de Morfeu tudo se mistura por instantes e ameaça explodir, até que o cansaço vence finalmente a tristeza e a vigilância e o sono chega ao Olimpo. Amanha é outro dia. "
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via [vontade indómita]

recitação poética [2] (ou a mania de continuar a adicionar blogs para depois andar a correr para conseguir acompanhar tudo)

[997]

"Chaque pensée devrait rappeler la ruine d'un sourire"
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Éloge de l'amour, Jean-Luc Godard, 2001
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via [o polvo]
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além está a desgraça disfarçada de azedos sorrisos. mesmo que penses que é do nevoeiro e os olhos te enganem. desconfia de ti próprio e não do que vês.

recitação poética (e os mais de 300 posts que tinha para ler depois dos dias de descanso)

[996]

um dia, espreitámos os dois por uma fechadura
lembro-me que estava do lado de fora
e não havia ninguém no quarto
sim, havia fantasmas
mas deixei de os contar
lembro-me que estavas do lado de fora
e encontraste-me lá dentro
a seguir com os olhos
as correntes de ar
ainda se fossem portas ou janelas
a abrir e a fechar
mas não
houve apenas um copo de água
que estremeceu de cheio
dentro

Ana Saraiva
via [abnoxio]

Do outro lado da fronteira

Com os preços dos combustíveis manifestamente mais baratos e com um atendimento destes, aí que não justifica atravessar a fronteira!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Coisas que estorvam - o icone "Hilario de Lima"

De volta com a rubrica de algo que me tenha "estorvado" no fim de semana.

Neste não podia deixar de destacar o festival da eurovisão
Admito que fiquei desiludido quando vi o festival e ele não estava lá.



Porquê Hilario de Lima e não Eladio Climaco, perguntam vocês?

1º - porque ninguém se chama Eladio quanto mais Climaco.
2º - durante anos e anos (aí durante todos as "temporadas" dos jogos sem fronteiras e dos festivais da eurovisão) julguei ser esse o nome dele.
3º - havia e há um sitio onde se fazem análises com o mesmo nome e julguei que tivesse alguma coisa a ver...
4º - antigamente era parvo, mas já ando melhorzinho... ou não


p.s. em relação ao festival da eurovisão tive pena da rep. checa não ter chegado a final. mereciam ter ganho. em "mute" foi do melhor que já vi nos últimos anos

Ze Manel

Olá meu nome é Ze Manel e é a primeira vez que escrevo nestas coisas do blog. Até é fixe.
Gostei do que o Andy escreveu, e se ele pode eu tambem posso escrever.
É verdade que só a pagar temos alguma coisa de jeito, senao em casa é sempre a mesma merda.
Aqui na freguesia tambem temos uma casa dessas meio escondida no monte. A Marlene é a melhor coisa que lá tá, sempre que posso ou quando recebo no fim do mes dou lá um salto ou dois.
As putas são melhores que as mulheres.

Afinal já possuo internet!

A net voltou a casa.
Já me contaram a história do sino que toca às seis da manhã (camurcina!).

I'm back.

Telegrama

Estou vivo e bem de saúde STOP
Sem net em casa há duas semanas STOP
Continuo sem perceber a história dos sinos STOP
Volto a Portugal dentro de cerca de oito semanas STOP

o maior segredo do mundo

[990]

havia um homem gordo e afanado que passeava nas ruas da cidade, tantas vezes cabisbaixo, como os olhos nos pés. carregava consigo o maior segredo do mundo e a sua luta era essa, carregá-lo.
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eu próprio perante o jardim mais triste do mundo, que ninguém parava para olhar nem apreciar, me penitenciava perante tamanha força de vontade.
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ontem quando passei no jardim, recuperado de verdes e coloridos cheirosos, sorri ao perceber que alguém como eu o apreciava.
.
e o homem magro que por ali passava, era o mesmo sem o peso ridículo de um segredo maior que a própria vida.
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sempre desconfiei que nem o maior segredo do mundo resistia a ser partilhado. e com razão sorri ao ver a leveza do espírito.

capitão moura

[989]

sem palavras...
.

caracteres sem som [9]

[988]

Tell me when will you be mine
Tell me quando, quando, quando
We can share a love divine
Please don't make me wait again

When will you say yes to me
(When will you say yes to me)
Tell me quando, quando, quando
(Tell me quando, quando, quando)
You mean happiness to me
(You mean happiness to me)
Oh my love, please tell me when

Every moment's a day
(Every moment's a day)
Every day seems a lifetime
(Every day seems like a lifetime)
Let me show you the way
(Let me show you the way)
To a joy beyond compare

(I can't wait a moment more)
(Tell me quando, quando, quando)
Tell me quando, quando, quando
(Just say it's me that you adore)
And then darling, tell me when

Every moment's a day
(Every moment's a day)
Every day seems a lifetime
Let me show you the way
(Let me show you the way)
To a joy beyond compare

I can't wait a moment more
(I can't wait a moment more)
Tell me quando, quando, quando
Say it's me that you adore
And then darling, tell me when
Oh my darling, tell me when
And then darling, tell me when
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Tony Renis
michael bublé feat Nelly furtado

domingo, 25 de maio de 2008

O que preciso fazer?

O que preciso fazer para dar uma queca bem dada?
Aqui estou eu num sábado à noite a estas horas frente ao computador, só porque cheguei a casa sem ter dado uma queca, não tinha dinheiro suficiente na carteira.
Não me apetece ir já para o quarto, de certeza que a minha mulher me vai foder a cabeça por ter chegado bêbado. Se ela ao menos não falasse ainda dava uma queca hoje antes de dormir, mas como isso não vai acontecer terei de passar mais uns minutos aqui na net a ver se me diverto um pouco...

sábado, 24 de maio de 2008

I've got a bad feeling about this.


Passaram-se quase vinte anos, desde que Steven Spielberg tinha-nos oferecido aquele que supostamente seria o último tomo das aventuras do arqueólogo mais conhecido (e cool) do planeta, "Indiana Jones e a Última Cruzada". Assim, após eternos avanços e recuos, boatos e rumores (tornou-se lendária a pleiade de guiões e guionistas, rejeitados pelo instinto paternalista do criador da saga, George Lucas) surge-nos finalmente em 2008 um novo filme "Indiana Jones".


A questão que se coloca imediatamente é a da justificação (artística? comercial?) no acréscimo de mais um épisódio (Spielberg e Lucas pensam nos filmes de Indiana Jones como seriais e não como filmes separados) a uma saga impar, que nos soube cativar pela sua magia e inocência criativa na década de oitenta.


Bem, a resposta é positiva.




Apesar de alguma desconfiança inicial (os 66 anos de Harrison Ford!!! a intromissão de um novo membro no clã Jones ou o potencial anacronismo do filme) a mestria de um realizador como Spielberg associado ao carácter visionário de George Lucas desde logo garantiam algum crédito.


No cômputo geral o filme não desilude, estando ao nível dos seus pares. sendo este o melhor elogio que se pode fazer a um filme pertencente a uma saga que ainda hoje preenche o imaginário colectivo de muitas gerações.


Como aspectos posítivos, destaca-se a estética visual do filme, que dá seguimento ao estilo dos filmes anteriores, reduzindo ao minimo os efeitos CGI (os já omnipresentes e hipersaturantes efeitos visuais computadorizados) substituindo-os pelas técnicas/acrobacias mais físicas e concomitantemente mais credíveis. Steven Spielberg meteu-se numa máquina do tempo e filmou o quarto Indy como se estivesse em plena década de oitenta. E isso acrescenta misticismo, magia e autenticidade a um filme que quer reatar úma experiência que data da década de oitenta.


Outro aspecto posítivo é o humor patente na eterna tensão entre gerações diferentes, passando neste filme, Indiana Jones a assumir o papel paternalista, que coubera anteriormente a Sean Connery (lamentavelmente ausente, por opção própria, deste filme) e a Shia Le Beouf o de filho irreverente e revoltado para com a autoridade. O resultado dessa relação, acreditem, é honestamente hilariante!


Por último, a chave do sucesso de toda esta empresa, a prestação superlativa de Harrison Ford, talvez o único actor da sua geração capaz de transmitir virilidade física, magnetismo carismático, humor e inteligência num simples levantar do sobrolho, ou no esguar de um sorriso. O seu talento continua intacto, tal como a sua presença física, condição essencial num filme de aventuras. O resto é puro entretenimento.


Como aspectos negatívos, destaca-se a sensação de repetição em certos temas (talvez inevitável) tais como a busca do artefacto, os vilões sempre ultra-caricaturados, o maniqueismo ontológico das personagens (é quase risivel a forma como, mais uma vez, os russos são retratados como clones comunistas, repetitivos, acéfalos, musculados e com mau sotaque inglês) e ainda a ausência de John Rhys-Davies (o anafado companheiro de aventuras de Indy nos outros filmes).


Como últimos destaques, o facto de Spielberg continuar fascinado com extraterrestres, depois de todos estes anos é obra! A possibilidade da saga prosseguir (estará na forja uma nova trilogia?) e por último, as deliciosas piscadelas de olho de Harrison Ford aos outros filmes e até personagens que encarnou, como é exemplo uma "tirada espirituosa" em que Indiana Jones revisita a personagem de Han Solo (o fanfarrão caçador de prémios da Guerra das Estrelas) e exclama nostalgicamente :


- "I've got a bad feeling about this!".


Neste caso, os receios de Indy são infundados porque o filme é bom, muito bom!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ele está de volta.

Apagam-se as luzes, sussurra a secção de metais em crescendo (Bam, pararará, Bam, pararará...) o logótipo da Paramount Pictures aparece esbatendo-se magicamente na primeira cena de celulóide. E eis que ele aparece, com um ar mais vetusto (embora graciosamente assumido). Com o mesmo chapéu de feltro, o casaco de cabedal fustigado pelos grãos de areia mais longinquos e brandindo um chicote que se estende majestosamente no ar até estalar nervosamente no nosso imaginário colectivo:

(vvvvuuuuuuuuuuuuuoooooooooossssssssssssssssssssssshhhhhhhhhhhhhppppáááááááá)







Ele está de volta! (a sua presença é inefável mas nunca nos abandonou)



P.S. Amanhã escrevo a crítica ao filme.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

poesia desprendida [5]

[984]

" [...] aqueles a quem ensinaram que há quem tenha uma pedra no coração, ficarão deveras perplexos ao ouvirem palpitar o coração das pedras. "
.
jorge de sousa braga
o poeta nu
.
pp. 107

terça-feira, 20 de maio de 2008

a razão do latim

[983]

"absens non dicitur reversurus"
.
mas ainda assim, um dia virá em que ele não será como o pródigo.

Coisas que estorvam



Coisas que estorvam a um camurcina.

Nova rubrica semanal na sequência dos acontecimentos do respectivo fim de semana.
Farei referência a algo que nos tenha estorvado por mais insignificante que tenha parecido.

sino: instrumento, geralmente de bronze, de forma cónica, e que produz sons mais ou menos fortes quando se percute com uma peça interior chamada badalo;
(nada de piadas, isto é sério)

momentos zen

[981]

não há a justiça certa em cada medida que pomos nas acções. o que nunca me abala é a consciência. tudo o que fazemos em consciência, sem que ela nos pese, é o correcto. embora muitas das vezes sobrem injustiças. cada um dos nossos passos interfere em algum caminho alheio. de forma positiva ou negativa.
.
não há mal nenhum na inevitabilidade, desde que não seja intencional, claro.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

caracteres sem som [8]

[980]

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

mafalda veiga

metamorfose

a propósito de um post num outro blog (ar mando da verdade) e também aos acontecimentos do fim de semana.
se kafka tivesse vivido nesta época, tinha escrito não sobre a transformção de um homem num insecto mas sim sobre uma cambada de camurcinas que se transformam em chicos.

"até já amigos camurcinas"

sexta-feira, 16 de maio de 2008

pedro mexia dixit

[978]

«you can’t always get what you want» dizia mick jagger, mas pode sempre ter uma consolação, embora não fosse bom que o chefe entrasse aqui enquanto eu vejo o paraíso.
.
mas ainda assim, «a man needs what he likes». e pouco mais.

hava naguila venis'mecha

[977]

הבה נגילה ונשמחה

hei-de olhar para trás, com as palpebras pesadas
olhando a vida que deixei como a página de um livro,
como se escrita por um artista arcaico, odes ou
sonetos, prosa escorreita que enevoada exala um
cheiro forte a fétida passagem sobre o que esquecemos.
.
e ler essas páginas fará de mim um leitor atento, vendo
pormenores que nem eu próprio acreditarei ter vivido
tal é a força da narrativa, ou a acidez dos adjectivos.
farei sozinho a destilação do mal, e rirei alto de tudo o
que já não sou, nem nunca fui. a memória será sempre
e só, a soma dos dias em que eu ri. bem alto.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A verdade!

Hoje não me contem histórias de encantar! Fábulas de príncipes e princesas!

A morte chegou! Silenciosa, entre os segundos, os minutos, as horas e o dia!

Não houve avisos, ameaças… Nada. Apenas chegou!

Deixei de sentir a vida correr dentro de mim. Não vejo mais nada, mas ainda consigo escutar.

Assim que fui golpeado, percebi que não tinha volta. Escutei um som abafado quando o meu corpo foi ao chão.

Sem nada ver… sem de nada saber, sem ter razão… apenas emoção… tudo terminou!

Escutei e senti tudo. Escutaria ainda um som pior…, quando pequenos pedaços da minha alma eram atirados ao ar e caiam sobre o que ainda restava de mim.

Hoje prefiro que me falem a verdade! Que me digam que os sapos não viram príncipes pelo beijo e graça de uma princesa! Que os finais são infelizes. Que os miseráveis serão sempre miseráveis!

Os dias, as horas, os minutos, os segundos continuarão a contar! Não para mim!

a poesia desprendida [4]

[975]

"Adormecer num colchão de molas do lado da primavera
e acordar do lado do verão
[...]
Descobrir uma caravela naufragada há quinhentos anos no fundo dos teus olhos"
.
o poeta nu
jorge de sousa braga
pp.90

serralves em festa

[974]

já temos data para a festa de serralves. 7 e 8 de junho. espero lá voltar este ano. mas com o tempo que fazia o ano passado. as fotos são precisamente da visita que fizemos no dia da festa. são 300 artistas em 40 horas ininterruptas de actuações. e claro voltar ao restaurante.
.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

se não fosse a estrada

[973]

com o céu carregado de núvens, densas
de carpideiras que nos emudecem de tristeza,
parei diante de um rasgo de sol que
descia
lenga-lenga
até mim, como se só a mim me acompanhasse.
.
pensei que era a hora de me emocionar com
a alegria de ser bafejado pela sorte. e quando
me preparava para assistir à manifestação de deus,
ouvir a sua voz suprema, ou ter visões apocalípticas,
apenas me ecoou,
zurzindo
a buzina,
do carro que atrás me pedia para saír do meio da estrada.

Espectáculooooo!!!



O video é do tempo em que a T.V. a cores era novidade... a música, essa é eterna!
Eu sei... o Paul Simon e o Art Garfunkel não ficaram muito bem na fotografia, vá... estão um bocadinho azeiteiros neste vídeo, mas naquela época todos ficavam assim!

Simon & Gurfunkel - Homeward Bound

GRANDE, GRANDE, GRANDE MÚSICA!

p.s.- O look do Gurfunkel faz-me lembrar o Vítor Duarte (acho que era esse o nome), antigo defesa do Braga.

50 anos

[971]

a poesia desprendida [3]

[970]

" [...] Eis-me aqui prisioneiro
de mim mesmo com a única saída bloqueada:
o coração"
.
o poeta nu
jorge de sousa braga
pp.78

terça-feira, 13 de maio de 2008

munique [3]

[969]

em munique o frio acalma os passeios. mesmo que esteja fresco, que os casacos se apertem, ou mesmo que uns loucos se deitem no chão, o ambiente é calmo. adriano deitou-se num banco ao lado de anne. na narienplatz, o coração desta cidade, sofrem-se as agruras dos tempos em que corriam judeus aflitos a esconderem a vergonha de serem apenas eles próprios.
.
anne não fala sobre o passado. a todos os alemães isso parece uma ferida que nunca passa. adriano também sabe que não se pode falar da guerra em áfrica. e no entanto parece tão longínqua.
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levantou-se e foi ao bar buscar mais uma cerveja das saborosas alemãs. há uma festa das grandes até outubro, sabes, e ele acenava que sim, com o sorriso mais interessado em pegar na mão da alemã e saír a subir até ao miradouro.
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subiram até a um quarto na albergaria da esquina, junto da antiga câmara municipal.
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então o frio passou.

as cigarrilhas

[968]

fumei uma ou duas cigarrilhas no casamento do fim-de-semana. não foi o fumar propriamente dito, mas antes um apreciar o sabor misturado com o licor beirão. deixei de fumar há muito e não deverá haver nada na vida que me faça voltar aos cigarros. mas há histórias mirabolantes como esta, que me deixam a pensar na dependência que algumas pessoas sentem.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

caracteres sem som [7]

[967]

Eu quero estar lá
Quando tu tiveres de olhar para trás.
Sempre quero ouvir
Aquilo que guardaste para dizer no fim.

Eu não te posso dar
Aquilo que nunca tive de ti,
Mas não te vou negar a visita às ruínas que deixaste
em mim.

Se o nosso amor é um combate,
Então que ganhe a melhor parte.

Se o nosso amor é um combate, o nosso amor é um combate, o nosso amor é um combate...

O chão que pisas sou eu.
O nosso amor morreu quem o matou fui eu.
O chão que pisas sou eu.
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linda martini
o nosso amor é um combate
albúm: olhos de mongol

era tarde há um ano

[966]

sim. foi tarde que me decidi entrar por este mundo sinuoso da blogosfera. ontem comemorei um ano de blogger com este post.

nem a propósito

[965]

a nossa cara amiga, ponto gi, deixou-nos um post muito bom que vem a propósito. eu não perco mais tempo com isto. ela já disse tudo. obrigado.
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e roubado do lugar estranho do amor, esta preciosa citação do filme my blueberry nights,
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"It took me nearly a year to get here. It wasn't so hard to cross that street after all, it all depends on who's waiting for you on the other side."

sexta-feira, 9 de maio de 2008

a poesia desprendida [2]

[964]

"levaram-no ao serviço de urgência. perdera a fala subitamente. o médico que o assitiu veio a apurar que ligara as cordas vocais entre si para conseguir escapar da sua prisão interior."
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jorge de sousa braga
o poeta nu -pp.38
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ainda vou gostar muito deste livro.

a chuva

[963]

hoje, quando ainda era dia e eu transparente,
despenhei-me de uma núvem cinza,
caí num telhado vermelho, rolei por uma
caleira e abracei a parede branca.
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se fosse inverno já estaria verde.

é fácil...é como encontrar um trevo na tromba de um elefante [22]

[962]

é fácil passar uma noite a olhar para o céu. difícil é encontar uma estrela cadente.

a poesia desprendida

[961]

ao dr. etecétera, pelas boas sugestões literárias,
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" Um levantino apaixonou-se pelo crepúsculo e estabeleceu aí residência permanente. Vive agora num avião que se desloca em sentido inverso da rotação da terra."
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jorge de sousa braga
o poeta nu - pp. 29

quinta-feira, 8 de maio de 2008

cinenimação

[960]

depois de ter visto juno e ter verificado a grande interpretação de ellen page, fiquei triste por ela não ter ganho o óscar. hoje continuo triste, mas é uma tristeza por não existirem excepções. deveriam ter entregue um óscar a ela e a marion cotillard (merecidíssimo).
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a interpretação é fabulosa, de ficarmos pasmados com a caracterização exímia, variável com as fases da vida de edith piaf, ora mais nova, ora mais velha, ora mais viva, ora mais debilitada, ou mesmo mais boémia e vagabunda e mais estrela internacional. foram muitos os papéis interpretados num só filme.
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a música mítica é também uma parte muito importante, por ser intemporal e nos trazer paris com a voz embrulhada da diva francesa.
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cinco estrelas pois então. também pelos conselhos deixados a todos. perseverança. crença e vida. e um aviso ao exagero desmedido do álcool.
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American journalist: If you were to give advice to a woman, what would it be?
Edith Piaf: Love.
American journalist: To a young girl?
Edith Piaf: Love.
American journalist: To a child?
Edith Piaf: Love.
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la vie en rose (*****)
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" Balayés les amours
Et tous leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro ... "

grupo "coral"

Porque é que os camurcinas saem à sexta e ao sábado, se só ensaiam o "coro" ao domingo?

p.s. camurcinas private joke

coisa muita para quem acerta

[958]

"[...] Gostava de não ser tão exigente comigo e com os outros. Gostava de ser daquelas pessoas que se apaixonam perdidamente pela primeira pessoa que olha para elas. Gostava de gostar de pessoas mais simples. Gostava de não dar tanta importância aos defeitos (que ganham proporções exageradas) nos primeiros encontros. A minha vida amorosa seria muito menos complicada. [...]"
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via [o amor é um lugar estranho]

quarta-feira, 7 de maio de 2008

sou menino para isso e muito mais

[957]

se me ajudar MORFEU, garanto que lhe construo um monumento de adoração. é que me faz falta o sono profundo e descansado.
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e depois descubro que o melhor opiáceo do mundo deriva do seu nome. genial. já experimentaram?

terça-feira, 6 de maio de 2008

segundas dos livros

[956]

a velha-a-branca organiza em parceria com a comunidade de leitores [ver mais informações], um debate em volta de um livro escolhido, na primeira segunda-feira de cada mês. o livro é escolhido por um convidado. esta passada segunda-feira, valter hugo mãe (confesso que foi a primeira vez que participei e o que me levou lá foi o convidado), escolheu geometria variável de nuno júdice (prémio dst para a melhor obra de poesia - entregue na feira do livro de braga de este ano).
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numa sala em que se exibe a exposição rotativa deste mês, pudemos (eu não porque não li a obra, mea culpa mas só soube muito tardiamente) discutir a qualidade (eu prefiro o estilo) da obra em causa. a opinião geral sobre o autor, um reconhecido poeta, é de que ele estará a voltar a um estilo muito classicista. nesta obra a vertente que predomina é essa e alguns menos apreciadores criticaram o facilitismo e o uso de alguns clichés.
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sobre nuno júdice, tenho a dizer que li alguma (pouca) poesia. o blog que ele tem [de A a Z] - que segundo consta será editado em livro - mostra esse lado clássico. eu aprecio algumas passagens, pela simplicidade de descrição, ou antes a clareza. mas a minha forma de ler poesia exige variedade, seja de estilo, seja de autor.
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a conversa foi agradável. espero voltar a este espaço e a estas conversas tão interessantes mais vezes. a moderação de eduardo jorge madureira é também de louvar pela pouca formalidade do debate, e pelo ambiente agradável que cria para a discussão.
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admito que fiquei um pouco surpreendido com a confissão de eduardo madureira sobre a sua assiduidade de leitura do nosso blog. fico agradado. muito mais porque ele é um opinador que eu admiro e dos poucos que acompanho na imprensa regional. não sei se ele tem um blog, se o tem poderia dar-nos o prazer de o deixar por aqui referido.
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sobre o valter, autor que já referi ser admirador, mostrou mais uma vez toda a sua simpatia. deixou uma dedicatória aos leitores do blog dos 5 pês, no mais recente livro que estou a ler dele. muito obrigado ao valter pela simpatia.
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cá esperamos pelo novo romance (em fase de acabamento). e também por novas conversas à volta dos livros.

Partidas

O dia, as horas, os minutos, os segundos pregaram-me uma partida. Pela primeira vez desde que me lembro tinha-me levantado às sete numa manhã de Domingo sem ser tirado da cama por motivos de agenda.

Caminhava pelo trilho do rio. O sol da Primavera iluminava a manhã e o rio cintilava. Uma brisa agitava a vegetação e lá estava a sós com os meus pensamentos e sentimentos.

Como de costume, os pensamentos eram sombrios; quanto aos sentimentos, exprimiam-se em verso. Ao contrário dos poetas modernos, o versejar não era branco. Tinha rima e métrica. Ou teria, se tivesse conseguido achar qualquer coisa para rimar com loucura.

A única coisa que se me acudiu foi brandura. A seguir viera segura, lisura, e atura. Nenhuma delas ia ao encontro da sensibilidade das minhas emoções.

Voltei, enfim, para trás. Não dispunha ainda da sanção de alterar o horário e passar a controlar os segundos, os minutos, as horas e o dia!

coisa muita para quem sabe disto

[954]

via [ponto gi]
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ainda me lembro de comprar o independente só para ler as crónicas dele. e já lá vão quase 15 anos. parece sempre coisa pouca. desde o livro, o amor é fodido, que me prometi ler o homem. espero em breve cumprir a promessa.
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"[...] Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira.[...]"

miguel esteves cardoso,
elogio ao amor

coisa muita para quem não descansou

[953]

era assim que se fazia o convento. enquanto se construía a abobada, ia-se pintando a claraboia e os vitrais. danados dos artistas, fazerem entrar assim a luz desta maneira multicolor. santos.
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"[...] conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo [...]"
al berto,
o medo

segunda-feira, 5 de maio de 2008

coisa pouca para quem descansou

[952]

e era o que me apetecia fazer. ou sentir.
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" ficar despido de tudo, suando o seu próprio coração..."
Henri Michaux
(mudado para português por Herberto Helder)
via [abnoxio]

Coitado

Advogado de defesa
Fritzl é um doente mental e não deve ir para a prisão


Devia ir para onde então????

domingo, 4 de maio de 2008

caracteres sem som [6]

[950]

sei de um rio, sei de um rio
em que as únicas estrelas,
nele sempre debruçadas
são as luzes da cidade.

sei de um rio, sei de um rio
rio onde a própria mentira,
tem o sabor da verdade,
sei de um rio…

meu amor dá-me os teus lábios
dá-me os lábios desse rio,
que nasceu na minha sede
mas o sonho continua…

e a minha boca até quando
ao separar-se da tua,
vai repetindo e lembrando
sei de um rio, sei de um rio…

sei de um rio…até quando?

sei de um rio
letra: pedro homem de melo
música: alain oulman (compositor de Amália)
interpretado por: camané in “sempre de mim” (novo albúm)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

o máximo denominador comum

[949]

" a influencia que deixamos os outros terem sobre nós é absoluta. não há nada que nos atraia mais que a necsessidade de outras pessoas. "
philip roth
a pastoral americana
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reflectir um pouco sobre a solidão, depois de perceber que essa continua a ser uma incómoda e inexplicável chaga da mente humana, é uma necessidade. não tanto pela perspectiva de quem está só, mas pela perspectiva de quem a procura forçando um espaço envolvente pouco natural.
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(estive a ver os dead combo na fnac. foi uma surpresa agradável. um som magnífico, intenso, cativante e uma ocupação do palco com uma espécie de criação teatral)
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veio-me esta ideia depois de estar no meu sossegado lar (sozinho) a ver o filme into the wild. não há ali nenhuma busca que não a da solidão forçada. contra-natura, a luta pelo individuo limpo de influência externa. recuso-me a fazer juízo de valor sobre essa forma de estar na vida. há uma força e coragem exigentes para ser assim, contudo há um limite que nem mesmo a estupidez deve ultrapassar. morrer seja por que causa for, nunca.
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(ontem com o caramel vi um filme cuidadoso, duro também ele devido à visão da relação humana como um momento de solidão em companhia de alguém. a vida das mulheres, o amor como machado dilacerante e castrador da vontade própria. votando a vontade de cada uma para o espaço só)
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e a bem do que sinto ser a solidão, não poderia deixar de dizer que só esse momento nos podes iluminar sobre o que devemos seguir. embora defenda sempre o meio-termo, onde se deve ponderar as palavras dos que nos estão próximos, mesmo que essa ingerência seja às vezes pouco aceite, ou pouco produtiva, devemos olhar-nos de todas essas visões. avaliar o que temos. ponderar o que somos, depois das mudanças. e só então decidir o que precisamos.
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"hapiness is only true when shared..." - into the wild

Difícil

Há sextas-feiras que parecem segundas!