quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

nos deambulares da serra [3/5]

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eram já horas de parar. nada melhor do que junto a um marco miliário. nestas terras do gerês, o frio junta-se ao isolamento, e a dureza do caminho junta-se com a paisagem áspera.
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a água fresca que corre no riacho, faz a pausa maior, mais calma, mais viva, mais agreste. parando assim pouco tempo, com os pés a latejar da caminhada, podemos sentir o cheiro a eucalipto. o cheiro da terra misturada com a àgua, duas mimosas juntas. e o esquilo parado a meio da árvore, olhando para nós e estranhando a presença estranha, forçam os sorrisos à gargalhada, quando em boa verdade o que ia bem era parar. e decides isso mesmo para falar.
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pousamos as mochilas, e molhamos os pés no riacho. contas duas histórias do cão que tiveste quando eras criança, e que morreu cego. dizes que tens saudade dessa infância passada nos dias sem pressa. e a àgua agradável impele-nos a um mergulho. e sabes que o meu corpo de encontro ao teu, arrasta a própria natureza para um turbilhão de imagens. e enquanto te sentas a meus pés, e te recostas nas minhas pernas, mostras com o olhar sorridente o prazer em estar aqui.
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e nunca te esqueças que estar aqui é anuir com verdadeiro sentimento interior de pertença a este espaço inabitado. sempre que voltares aqui estarás em casa, resguardada. e eu sei que não posso pedir mais que a tua companhia. essa é a minha forma de procurar a felicidade. ter-te ao pé de mim.
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a lua em crescente, quarto crescente, promove a festa das estrelas. só aqui podemos comungar desta vista límpida de luz artificial. a tua mão arrasta a minha para escolher uma estrela. e eu entrego-me sem esperar mais que a tua mão.

6 comentários:

El Salib disse...

Sniff... Tocaste-me...

Anónimo disse...

"sei que não posso pedir mais que a tua companhia. essa é a minha forma de procurar a felicidade. ter-te ao pé de mim."

"Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
- O que é que "estar preso" quer dizer?
- Vê-se logo que não és de cá - disse a raposa. - De que é que tu andas à procura?
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É a única coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
...
E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
...
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer."
(O principezinho, Antoine de Saint Exupery)

Anónimo disse...

Romântico...gostei.

Anónimo disse...

El salib, onde foi que ele te tocou mesmo?

El Salib disse...

Humm... Provocações não identificadas na minha direcção?
Tou-te a ver tou.

Teté disse...

Muito pictórico, a manter o clima... ;)