segunda-feira, 26 de outubro de 2009

boas e más notícias

[1775]
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dias asism, em que se descobrem os pólos, mais valia serem dias de chuva. debaixo de um sol ameno custa saber que a vida é injusta.
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resumindo,
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- Você está disposto a aceitar o duro peso da alegria?
- Estou sim, meu pai.
- Mas, meu filho! você sabe que é quase impossível?
- Sei sim, meu pai,
- Você ao menos sabe que esperança é o grande absurdo, meu filho?
- Sei sim, meu pai.
- Você sabe que há que ser adulto para ter esperança!!!
- Sei, sei, sei!
- Então vai, meu filho, ordeno-te que sofras a esperança.
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clarice lispector via [lei seca]
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

declaração de interesses

[1774]
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leio saramago e continuo a acreditar em deus.
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(depois dos números serão 14 obras lidas, e só para que conste, já me arrependi de não ter ido a penafiel. voltarei ao assunto)
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terça-feira, 20 de outubro de 2009

demasiado absorvido

[1773]
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tenho pena. muitas vezes estou a pensar no que poderia ser um post brilhante (para mim obviamente, não para impressionar), e dou por mim resignado, certo de que já estou sem a capacidade de me surpreender a mim próprio.
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de facto ando muito absorvido em contas (mestrado) e já nem aos livros que leio religiosamente (em dois dias) sempre que saem, eu tenho tempo para me dedicar. que importa é que um não foge e o outro também não.
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mas deixem-me dizer-vos que este quincas borba, é um pouco mais maçador que os outros dois que li do machado de assis. retive no entanto, tal como ao longo de todo o livro, uns pormenores delicados de quem mostra sapiência e trabalho de sapa para a escrita, e no fundo faz por merecer o tempo que perdemos a lê-lo.
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refiro-me a um parágrafo em que o autor fala de ANTEU, figura mitológica cuja força residia no seu contacto com a terra. diz-se a dada altura qualquer coisa como, "levanta-se das quedas cada vez mais forte".
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interessante leitura deve ser feita desta figura. com um murro é capaz de se levantar com mais força, mas se elevado ao lugar mais no alto perde a sua força e a sua própria vida.
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devíamos pensar se é nos píncaros que queremos andar (ou almejar o sucesso meteórico-ilusório) ou se, com os pés bem assentes na terra, não estaremos mais certos de regressar sempre com mais força das nossas quedas.
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cumpro a minha parte. o silêncio prende-me ao realismo do necessário contacto terreno.
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

mais um artigo mec

[1772]
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Braga é quase uma cidade superior. Na semana passada escrevi sobre ela e sobre o Sporting dela e nunca tive tantas reacções. Por uma só coluna recebi mais comentários e citações do que por todas as crónicas que aqui escrevi desde o primeiro número da J.
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Quero agradecer, sobretudo ao magnífico site que é o superbraga.com. É um site de fanáticos do Sporting de Braga, que está em número 1 e, por conseguinte, numa posição de mandar fazer amor à concorrência. Mas não.
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Eles sabem que eu sou um lisboeta e benfiquista genético e incurável e que, ainda por cima, tenho uma panca severa pelo Porto e uma admiração-quase-orgulho pelo FCP.
Sabem que eu queria que o Benfica ganhasse o campeonato, graças ao treinador que roubamos ao Braga. E, no entanto, tiveram a generosidade e a superioridade civilizacional de agradecer o meu elogio e de entendê-lo no espírito em que foi feito.
Desde quando é que um benfiquista, portista ou sportinguista faria isto? Nunca. Os bracarenses são diferentes. São aristocratas. Aceitam amavelmente a admiração do povo enganado e distante.
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Se calhar, são juntamente com os alentejanos litorais, os únicos portugueses que não tratam como estrangeiros os portugueses que tem o azar de não ser de lá.
Mal se chega a Braga, vem logo o abraço do "bem-vindo ao clube!" Não é o clube de Braga. É o clube dos portugueses.
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Uma pessoa diz, quase como se pedisse desculpa, que é do Benfica. Eles respondem: "Não te preocupes, que não levamos a mal. Se calhar, nasceste lá, em Lisboa? E a escolha era seres do Sporting ou do Benfica? Imagino a pressão! Fizeste bem em escolher o Benfica! E o Sporting também é um clube porreiro, apesar de queque. É pena não seres do porto: o Porto é mesmo bom."
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O Sporting de Braga vendeu o treinador genial e faz questão de ficar à frente do clube cem mil vezes mais rico que o comprou. Dirão que é uma questão de tempo. Pois sim, porque o dinheiro significa jogadores muito melhores. Mas, à partida, quando mais interessa, o Sporting de Braga já ganhou este campeonato. As respostas no Superbraga.com - no qual me registei, com o meu e-mail verdadeiro, para poder agradecer - são um exemplo para os outros adeptos dos outros grandes clubes do mundo. Mostram que se pode ser incondicional e fanático sem se ser malcriado ou cego ou agressivo. Mostram que a superioridade genuína não é rejeitar nem desconfiar dos elogios alheios - mas agradecê-los com generosa condescendência, do género "Olha, este pobre desgraçado, preso a outro clube por razões meramente geográficas ou genéticas, ainda tem a clarividência de reconhecer que o Sporting de Braga é um grande clube e a inteligência de compreender que tal se deve a Braga ser uma grande cidade."
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Como benfiquista, há muito que me magoa nesta atitude. Pensave que éramos nós os mais inclusivos. Se fosse Sportinguista, também me magoaria, pensando que éramos os maiores snobs. Se fosse portista, já sabia (com mesmo o medo e respeito) que Braga e o Sporting de Braga são mesmo assim.
Superiores. Gentis. Bem-educados. Sinceros. Como português, tiro-lhes o chapéu. E, com toda a sinceridade, rendo-me a eles.
Mais do que isto, não posso dizer. Mas já disse. Exijo que o Benfica nomeie uma equipa de investigadores que descubra (inutilmente, de certeza) o que eles tem e nós nunca teremos. Serem bracarenses. É uma das poucas coisas que não se podem fingir: ou se é ou não se é. Eles são. Nós não. Paciencia.

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Revista “J” do jornal “O Jogo” de 11-10-2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Onde está o Wally?

Só mais uma... só mais uma.

QUE MUNDO!!!!!!!!!! (este tem de levar pontos de exclamação e tudo)

Primeiro a chuva. Arrepiem-se nos trovões. Depois curtam a música. Tudo isto ao vivo, sem produções de estúdio.

São os Perpetuum Jazzile. Muito material no youtube.

" O meu olhar quando pousa, pousa também em palavra "

[1768]
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terça-feira, 13 de outubro de 2009

é a cultura, estúpido! *

[1767]

o mec escreveu no público mais uma crónica acima da média. parece-me que o homem já relativizou os males que conspurcam o mundo e anda mais light. anda menos chateado com o próprio mundo que o rodeia. alerta para a importância de certos factos sociais, mas de uma forma mais pilatosiana, algo do género "querem ouvir, oiçam. não querem ouvir, eu lavo as minhas mãos.".
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a idade deve trazer esta acalmia opinativa. achamos sempre que podemos chamar a atenção para os acontecimentos modernos, coadjuvados com a enorme experiência de vida, mas com a distância de quem já pouco sofrerá com as consequências futuras dos mesmos actos consumados no presente.
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a ignorância que graceja, em muitos momentos de decisão, mostra-nos que o acesso à cultura, aquela que abarca a formação escolar e tudo o resto que é maior na educação dos indivíduos, é o grande problema actual do nosso país.
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com esta falta de ponderação e de espírito crítico é fácil levar a maioria a pensar a uma só voz. como diz o mec, "O pensamento é um luxo e um atraso.". as ideias já não importam aos consumidores, à vox populi. por estes dias o que importa é a convicção.
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proponho ao mec um meio termo: ponderemos nas soluções, pensemos bem antes de decidir, pesemos todos os prós e contras, repensemos as ideias e as estratégias, analisemos as questões de vários pontos de vista, mas depois de decididos, avancemos pela execução determinada.
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foi sempre essa a minha filosofia de vida.
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* expressão adaptada de bill clinton (não por mim originalmente, claro está)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

o maior etc da actualidade

[1765]

rogério casanova (para quem não conhece, tenha paciência e vá pesquisar) escreve a sua crónica deste mês na revista LER com este título. a ideia central não é homenagear o companheiro que escreve sobre os temas importantes, mas antes criticar os críticos pelo que escrevem sem o sentido prático.
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(note-se que a introdução é um contra-senso em si mesma pela falta de objectividade)
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no que me toca, eu escrevo mesmo para dar o relevo necessário a este texto,
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primeiro porque o assunto é sério (mesmo escrito sem maiúsculas).
segundo porque me chateiam alguns problemas que lá são referidos (incluindo os CV's).
terceiro, porque a possibilidade de uma desilusão é enorme.
em quarto, porque a desilusão é uma fórmula exponencial da expectativa criada.
quinto, porque me empenhei pessoalmente.
sexto, porque li medina carreira em "portugal que futuro" e estou deprimido.
sétimo, porque há uma horda que não percebe que se pode lutar por mais seriedade e honestidade.
oitavo, porque há gente que não sabe elevar a discussão.
nono, porque me chateia a minha ingenuidade quando falo demais...
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etc, etc, etc...
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se eu fosse o rogério casanova, e escrevesse complicado como ele na sua pastoral portuguesa (eu gostei bastante da pastoral americana e gostava que o roth ganhasse o nobel) então vocês não compreenderiam o que quis dizer. mas como eu escrevo simples, suponho que meia palavra bastou...
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post-scriptum - gosto de ter boas ideias e que as imitem, e algumas forma muito bem aproveitadas.
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Braga

Vale a pena ler o que Miguel Esteves Cardoso diz acerca de Braga. Aqui ao lado no "Armando da Verdade".

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Estado da Nação





Enquanto houver putas, vinho verde e o benfica marcar muitos golos o povo há-de andar contente.

evidências

[1761]
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um homem desesperado por saber o futuro vai a uma vidente.
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ao chegar a casa da senhora bate à porta e ela diz:
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- quem é?
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e ele responde,
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- uiiii, começamos mal...
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