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cozinhar é uma espécie de culto espiritual. apesar de sabermos as receitas, uns de cor outros com os livros sempre abertos, nunca sabemos se o resultado final será o desejado. e nunca temos a certeza de que aplicamos tudo como manda a lei, essa que passou de gerações em gerações mais pela via da oralidade que pelos livros dos grandes chefes de cozinha.
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mas a espiritualidade está presente em muitos aspectos que algumas pessoas esqueceram, ou pelo menos nunca ouviram falar. um exemplo de que existe um fantasma qualquer a pairar sobre nós enquanto nos aplicamos a fundo nos tachos, era repetidamente contado por uma mulher que já nem me lembro do nome. dizia ela que quando "jogava o benfica" (ouvir deolinda e perceber como se diz isto), não podia fazer bolos. dizia que mesmo seguindo à risca o que estava em inúmeras receitas, algo acabava por não funcionar, fosse o fermento que não fazia crescer o bolo, ou a temperatura deixava o bolo cozido por fora e cru por dentro (um pouco como as mulheres com o avançar da idade).
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escrevo isto porque a minha cabeça não tem um minuto sequer que descanse sem ver em cada movimento um potencial post brilhante. este surgiu-me porque há vários anos que sei que o meu arroz (branco e seco) me sabe infinitamente melhor que todos os que vou comendo por aí. inclusive o da minha mãe. e aqui entra de novo a questão, se eu sempre fiz o arroz da forma que ela me ensinou, porque é que o meu é melhor?
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e isto é o resultado de anos de tarefeiro na cozinha, que o digam os pandegueiros, companheiros de certas noites de luar, que nunca se queixaram dos meus petiscos. que me lembre nunca nada nos correu mal. os fantasmas deviam andar distraídos.
1 comentário:
Hmmm, a viagem ainda ta de pe!Espero que haja comida!
Engracado, ja nao me lembrava da expresso "jogava o benfica"!Ouvia tantas vezes...
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