segunda-feira, 16 de março de 2009

equações da sandice [4]

[1593]

mais uma vez borges. as histórias em que nos metemos inadvertidamente. a confusão que medra nesta minha cabeça, contrasta com o efeito do sol e do fim-de-semana. relaxo pois. ou não sou eu um pedaço de deus deixado na terra para tentar compreender os seus desígnios.
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estava sentado num café a ouvir uma conversa alheia. a partir de nova iorque alguém se saudava efusivamente, como se fosse ali ao lado, na outra esquina. como se nova iorque fosse no fundo da rua, como se eu me levantasse, pagasse o café e o conto (ou é o conto que se paga e o café é de borla?), e pensasse em voltar mais tarde para o crepe do café progresso.
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(tento ir no encalço desse limite. desço uma rua, percorro outra convidativa, e entro numas portadas de ferro enormes. imagino-me a encontrar saramago no jardim das roseiras (borges outra vez). mesmo com a vista para rio, apenas me sentava ao seu lado e lhe dizia do meu prazer pelos seus livros. imaginei que ele tinha perdido a consciência de quem era. que apenas sorriria sem a noção de que era o prémio nobel. e ele apenas responderia que as roseiras estariaam para florir, que estava ali sentado à espera do milagre da primavera, o que prova que nem sempre a sandice degenera em tolice)
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aparte a distância entre um post que poderia ser útil e sensato e este, conquanto me divertiria com a imponência do mesmo, sou deveras instado a anuir com o que ele (saramago) diz no seu blog, porque na realidade - a tal que todos vemos e não a que eu apregoo - o que eu vi naquele dia foi o rio. já as roseiras não sei, que estava ocupado com outra beleza mais metafísica.
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" [...] Nada de surpreendente para quem quiser recordar o que sobre ela tenho dito e escrito em já quase um quarto de século que levamos juntos. Desta vez, porém, quero deixar constância, e supremamente o quero, do que ela significa para mim, não tanto por ser a mulher a quem amo (porque isso são contas do nosso rosário privado), mas porque graças à sua inteligência, à sua capacidade criativa, à sua sensibilidade, e também à sua tenacidade, a vida deste escritor pôde ter sido, mais do que a de um autor de razoável êxito, a de uma contínua ascensão humana. Faltava, mas isso não podia imaginá-lo eu, a idealização e a concretização de algo que ultrapassasse a esfera da actividade profissional ou que dela pudesse apresentar-se como seu prolongamento natural. [...] "
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há coisas em que eu acredito sempre. principalmente neste sentimento sem idade e sem limite.
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3 comentários:

Anónimo disse...

o conto e o café
misturam-se

:)

S. G. disse...

registe-se a minha indignação :) pedi os trÊs contos, mas só tinham o "17ª edição"...

espero que na próxima vez encontre os outros dois.

Anónimo disse...

indignação registada...

obrigada*
:)