terça-feira, 19 de maio de 2009

Puritanismo de algibeira

Vi há pouco, nas notícias, que uma professora de uma escola em Espinho foi suspensa depois de um aluno gravar e disponibilizar na internet imagens de uma aula.

A dada altura, a professora puxa pelos galões para se superiorizar, dizendo que tinha estudado mais tempo que a mãe de uma aluna, e dá a entender que se julga superior pelo simples facto de ter mais habilitações. Se foi suspensa por isto, muito bem, não tenho nada a dizer. Envergonha toda uma classe, sabendo nós que muitos vão dizer "os professores têm a mania que são superiores", quando deveriam dizer "aquela professora tem a mania que é superior". Enfim, as generalizações do costume. Se foi suspensa porque questiona alunas acerca de questões pessoais como "com que idade perdeste a virgindade" é igualmente bem suspensa.

Se, por outro lado, a suspensão se deve ao facto de a professora de história ter dito que os romanos faziam orgias, como algumas televisões fizeram o favor de noticiar, então estamos perante mais um caso de puritanismo de algibeira. Será descabido um professor de história dizer que os romanos faziam orgias? Faziam não faziam?

É que o título das notícias dizia algo do género "Professora suspensa por falar em orgias nas aulas".

Faz lembrar o caso da capa do livro em Braga. Na altura a comunicação social criticou o facto da P.S.P. o ter mandado retirar, justificando que "aquilo é cultura"(concordo plenamente). Hoje critíca o facto de uma professora de HISTÓRIA falar nas orgias romanas... pelos vistos a história já não é cultura.

É o que eu tenho dito, qualquer dia precisamos de uma comissão de censura que nos diga o que podemos ensinar e o que não podemos. Nem que para isso seja necessário apagar alguns elementos da história. Proponho desde já uma alteração a frases como:

Na época dos descobrimentos, à custa da subjugação e exploração de vários povos e do comércio de escravos, Portugal transformou-se numa grande potência mundial.

Instrução para os professores: É proibído ler os pormenores irrelevantes escritos a azul.

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