terça-feira, 2 de outubro de 2007

ode prosaica em português suave

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quando subias pela escada, de pequenez insegura, tinhas no olhar o triste consolo da tua desventura. sorriso espelho de um desconcerto inebriante. seguravas às vezes, no desconsolo dos dias, o incerto deambular das nuvens imensas que seguravas nas mãos brancas. titubeantes as horas de cariz solarengo, que embebia os minutos em doces desenlaces, eras os ponteiros da hora certa.

(és um tributo a ti própria, dado em nascença ao destino que te propuseram.)

se o aceitas sorridente, então foge das linhas traçadas do desvio enegrecido. foge da mordaz crueldade dos dias que querem impor. foge sem olhar a meios para que te levem em boa proa, a um outro porto. sem abrigo. mostra a cara à chuva. deixa que te nasça a alegria em entrançados cabelos de vento. deixa que cresçam duendes e pirilampos em lugares habitados e inóspitos. deixa que se soltem torrentes de saudade. e ri. ri todos os dias. todos os dias que voltares.

(todos os dias.)
sg

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