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ruas oblíquas, desníveis inquebráveis, pendentes de escoamento rasgadas na rocha, água que tarda em cair do céu, núvens desenhadas a carvão, e azul. muito azul esparramado a pincel, em rasgo de inspiração na planície invertida. não é o pintor que tem arte mas antes a natureza que se excede de vontade.
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(declino o convite do mar. não volto a sofrer da sua fúria)
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percorro a marginal observando as palmeiras. e as cores das flores. os olhos encontaram descanso lírico no jogo visual proporcionado pelo contágio do pólen. acredito na mão suprema, na protecção da intempérie que segura a beleza das plantas. arrisco dizer que me canso de tanta formosa criação. sento-me a reverenciar o extracto de paraíso que se poisou nesta terra. e a sublimar o perfume das flores. relembro a música,
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e canto. porque me recordo dos cheiros retemperantes da loucura temporária, dos olhos parados em suspensão observativa, da contemplação das marés calmas e da espuma do mar que vai esverdiando as rochas dos molhes artificiais.
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(duas crianças brincam em frente ao mar)
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faço o rescaldo dos dias amenos. talvez amanhã o tempo piore e resfrie. acalme. e eu amanhã me deite de novo ao vento da prosa, procurando pescar as palavras soltas do rio que agora começa a chegar à cidade. é sinal de chuva no norte da ilha.
amanhã chega cá.
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e se a chuva assenta o pó, também derrama cheiro a terra molhada. bálsamo bendito a esta terra quis deus dar.
2 comentários:
Estou a ver que essa visita foi um maná para os teus olhos e uma fonte de inspiração para as tuas prosas poéticas... :)
foi um descanso. há muito que não me sentia tão relaxado. era o que estava a precisar.
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