quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

salvo-conduto

[1463]

parecendo que não, ajuda.
não sei que chamamento do fundo do corredor ainda reverbera nos ecos da planta verde escura. não sei o nome da planta. nem o som que a abraçou. eu fico é aqui sentado no banco estreito de madeira a um canto da sala. tenho medo do que não conheço. assusta-me pensar que aquela voz ainda tem vida, ou que fez aluir o meu sentido inestético do amor.
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o medo é a essência do escuro. a voz que ficou é a sombra. tenho de me levantar e entrar no quarto pintado de uma treva que me atrevo a ansiar. tenho medo de ver claramente que ficaste de voz mas fugiste de corpo. um dia acorro ao chamado e tento abrir essa porta. já só me falta a chave.
é que parecendo que não, ajuda.
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4 comentários:

Me disse...

se a voz te levar a outros corpos... a outros ceus... a outros pontos de ti... não haverá mais escuridão. poderá ter sido essa voz que te acendeu a luz para veres melhor...

L. K. disse...

O medo petrifica ou faz avançar, é sobrevivência e precisamos dele...para sobreviver.

O medo é a resposta correcta, quando o sentimos, algo não está bem, ou somos caça ou caçador.

Quando superamos o medo, a claridade faz sobressair o que estava em contraste e as sombras iluminam-se.


O medo é a porta fechada, são os movimentos presos, um respirar irrespiravél...o desconhecido que é conhecido.

Quando se afugenta o medo acha-se a chave, abrem-se novas portas, vê-se a luz e o mundo lá fora.

Então porque temos tanto medo, do medo ?

S. disse...

A chave ajuda, mas não é essencial...talvez seja o medo que faz parecer que a porta está fechada, quando só está encostada e do lado de lá, afinal, há luz...

S. G. disse...

me,

as vozes das sereias são perigosas :)

lizard,

o medo é necessário, até certo ponto. depois de embarcar não há ponto de retorno, e o que teiver de ser,s erá.

s.,

a tua voz omnipresente, acerta-me como uma flecha. o problema é quando em vez de vermos a luz ao fundo do túnel, vemos o túnel ao fundo da luz :)

beijinhos