quinta-feira, 26 de julho de 2007

viagem ao fundo

(esperei sentado. a fonte de água jorrava forte. e o vento trazia os seus pingos. salpicava a minha cara como se fosse chuva miudinha. refrescava porque estava calor. eu estava sentado numa estátua. ao pé do chafariz. olhei para o relógio de novo. 3 horas da tarde. olhei para a esquina e não estavas. percebi que estavas talvez atrasada.
mas eu espero.
tenho tempo para olhar à minha volta. ver as crianças a cair e a esmurrar os joelhos. sangrando, elas vão continuando a brincar. só nós, os adultos, é que achamos que não é possível isso. sangrar e continuar. feliz pelo menos. a pedra da estátua é fria, gelada. refresca porque está calor. o relógio batia já a 4ª badalada. ainda espreitei de novo para a esquina. mas não estavas. E o pior é que tinhas dito que vinhas. E eu ainda acredito.
e tu disseste que vinhas.)

Mas isso foi há 20 anos.

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