sexta-feira, 3 de agosto de 2007

viagem à memória

(acordei e fui abrir a porta. não eras tu. pior, não era ninguém. voltei e deitei-me de novo. liguei o rádio e ouvi tudo o que ele dizia. falava-me ao ouvido de sussurro. eu ouvi várias vezes a mesma estação. e ouvi as notícias de longe e de perto. ouvi música boa e má. e ainda as opiniões fracas e as menos boas. mas era a minha voz que ecoava no meu pensamento. tive fome e sede. doía-me a cabeça. desliguei o rádio. e fui abrir a porta. mas não estavas tu. pior, não estava ninguém. voltei para me vestir e lavar os sovacos. saí e desci as escadas a correr. doía-me um dente. e uma afta ainda massacrava mais. trinquei a língua uns minutos e ainda consegui que ela sangrasse. só não consegui que a afta parasse de doer. fui a pé e também me doía a perna. e um dedo do pé. mas que raio, não há dia que não tenha uma dor. e todos os dias a da alma. e todos os dias abria a porta. mas não estavas tu. pior não estava ninguém.)

E o rádio continua a tocar a música má.

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