terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

nos deambulares da serra [2/5]

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apeamos o carro junto à albufeira. entramos no parque de campismo com a força do início da viagem, com a disposição de percorrer meio mundo, mesmo que este pedaço de paraíso não seja mais que o nosso mundo agora.
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a tua disposição é afirmativa, positiva, empenhada, queres andar a pé, dizes vezes sem conta, os ares do escritório atrofiam-te os dias, as causas e os desejos. queres sair para embrenhares o teu olhar na caruma do chão, nas folhas verdes e castanhas algumas da meia estação. queres sair para caminhar sobre o vento fresco, o sol abrasador, ou sobre as núvens leves que sobram em certos espaços.
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apeamos o carro junto à albufeira e aí ficará por três dias inteiros. ficará parte do meio ambiente, da envolvente. ficará parado para nos receber, para observar os resultados dos dias do deambular da serra.
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(eu sou um crente. mesmo que não vislumbre solução possível, mesmo não vendo saída que me agrade, eu acredito na escapatória airosa. e vejo que sairemos fortes destas dias. mais fortes.)
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os teus gestos são sublimes. nem reparas como o simples arrepanhar do cabelo te pode transformar num objecto intocável. numa peça de arte rara, que todos olham com o intuito de gravar na memória. e os olhares que desvias para o que passa, em movimentos rápidos, perscrutadores da harmonia reinante, seja um bicho que passa, seja um cão que ladra, seja o velho que leva o pão de casa em casa, neste mundo perdido, esses olhares são memórias circulares.
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escolhes o trilho que percorreremos aqui perto. são poucos quilómetros, só para aquecer os músculos parece-me bem, dizes-me entre sorrisos. sorris sempre como uma criança que vai descobrir os segredos do mundo interior e escondido. e agarras os meus braços para me puxar tantas vezes, que pareces atropelar o tempo com tanta vontade de viver. respiras fundo outras tantas vezes, olhas o vale de verde e granito, e fotografas tudo o que possa servir para recalcar a tua memória, para que aquilo que ficar gravado em papel possa reanimar o que, gravado na memória, se vai esvaindo com o tempo.
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e juro que nunca pensei em vir. mas aceitaste o meu convite.

7 comentários:

Anónimo disse...

A vida é surpreendente.. :-)

Teté disse...

Há romance no ar... ;)

S. G. disse...

será?

RuiMaga disse...

"...para que aquilo que ficar gravado em papel possa reanimar o que, gravado na memória, se vai esvaindo com o tempo."

Bom!

abraço.

S. G. disse...

grande...grande magalhães, atento aos pequenos grandes pormenores do texto, um abraço para o grande amigo :)

já agora, qd me recebes para eu ir aí ver a maior exposição do picasso, no museu rainha sofia?

:) grande abraço...

RuiMaga disse...

fui ver a exposiçao faz uma semana. tava a prestar mais atenção à companhia do que ao pablo...

diz algo concreto que aviso-te da disponibilidade.

vem já este fds!.. este posso. depois complicar-se-á...

www.socitransa.com
www.ryanair.com

saludos.

S. G. disse...

:)

obvio, a companhia é sempre melhor que o evento...seja ele qual for.

mas este fim-de-semana é muito em cima. :) não sei até quando estará a exposição. mas não faz mal. logo me dirás mais para a frente quando poderemos conhecer essas terra da capital espanhola. e se fores parar a outra cidade deste enorme pais que é o estrangeiro, eu vou atras de ti aventureiro!

um grande abraço.