quarta-feira, 12 de março de 2008

sentido único

[798]

bateu a porta com tanta força, que atrás de si ficou apenas o eco. um estrondo a ressoar nos ouvidos. a firmeza do acto remetia-o para os fortes sentidos a que reportava a sua vida. era um sentido único muitas vezes invejado pelos seus pares.
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sentia ser a solução. a discussão só adiou por minutos esse final. era um impulso reforçado com estirpes de vírus mal solucionados. sentia que os analgésicos só iriam protelar uma gripe bem forte.
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desceu os quatro lanços de escada. saiu determinado para a rua. olhar em frente sem pestanejar, vendo o seu carro como o único na rua. a chave, no fundo do bolso, procurava-a com as mãos ainda trémulas. e nem pensou em se voltar. entrou no carro. respirou e arrancou.
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(não pensou em olhar para trás, embora ela estivesse com uma lágrima espreitando entre as cortinas)

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