sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

a midnight valium for a good night sleep * [4]

[1412]

a pátria sentimental.
nada como recordar aos incautos e desprevenidos, ou desatentos, que o estoicismo não se pode tornar numa inflexibilidade amoral. descerrar o pano no exacto momento em que a peça ainda vai no adro, é o mesmo que esquecer o auge, mesmo que depois venha a desgraça.
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" Há mulheres que não lutam pelo que querem, pelo que merecem. Abandonam os seus sonhos, os seus ideais, capitulando-se a tristes fantasmas e a emoções vazias de um passado do qual um dia fugiram. Há mulheres que não lutam pelo que querem, pelo que merecem. Desprotegem-se, baixam a guarda e ficam à mercê de fracas memórias. Desiludidas na longa espera da quimera romântica rendem-se por fim à banalidade, ao mundano que sempre contestaram e acabam traidoras da sua pátria sentimental.
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Há homens que têm o que não deveriam. São aves de rapina, abutres que pairam sobre os corpos estendidos e inertes à procura do momento certo para o saque e o esventramento. Há homens que têm o que não deveriam, que pilham a fragilidade alheia e se alimentam cobardemente dos despojos emocionais. "
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* sutítulo do blog [vontade indómita]

7 comentários:

L. K. disse...

A Pátria sentimental, (como todas as outras Pátrias) quando se sente invadida, aumenta as defesas e arranja armas mais poderosas...quando a defesa se torna vencivel, baixam-se as guardas e tenta-se uma qualquer especie de aliança, que sendo má permite-nos sobreviver entregando o poder a outrém que muito batalhou para chegar ao dominio...desistência? Não, antes sobrevivência...

....as mulheres quando desistem de lutar pelo que querem é porque transferiram os seus "poderes" de luta para algo que consideram um bem maior (filhos, maridos, whatever...)ou então, porque no limite ds suas forças se renderam, numa falsa rendição de quem só quer paz, viver um dia de cada vez e normalmente porque ficaram onde não deviam (com quem não as merece)...mas como eternas sonhadoras acreditam que um dia mudará...e às vezes até muda...em fim de vida alguns machos opressores, como redenção tornam-se cavaleiros andantes...verdadeiros companheiros de vida...

Me disse...

"Não sou o que procuras porque sou o dobro do que mereces".
Esta ficou-me.

S. G. disse...

me,

Ao perder-te a ti perdemos os dois:
eu porque tu eras o que eu mais amava
e tu porque eu era quem mais te amava.
Mas de nós dois és tu quem mais perde,
porque eu poderei amar outras como te amava a ti
mas a ti não hão-de amar como eu te amava.

apesar das duvidas sponho que é de um senhor chamado ernesto cardenal.

lizard,

(desculpa a troca da ordem, mas aquilo era uma provocação muito forte :)

não acredito em milagres transformadores de pessoas, ou sentes que vale a pena baixar a guarda, ou então não sei se quanto tempo p+oderá demorar um homem a tornar-se um cavalheiro.

a ideia do post era se calhar tentar perceber porque é que as mulheres se prendem tanto a um amor anterior (fracassado ainda por cima) e depois desse sofrer não conseguem manter o discernimento para perceber que há muitas pessoas fabulosas que se podem revelar as pessoas certas.

não sei se era a tua ideia, mas concordo com algumas coisas que dizes.

Me disse...

SG.,
o suposto senhor tem toda a razão. às vezes, as perdas não são iguais, mesmo que o amor o seja... gostei do poema. agradeço-te :)

As mulheres têm memórias sentidas a gravadas na pele, dentro de nós. Qualquer coisita que faça lembrar as marcas más... é proibido. às vezes, não é a pessoa nova que se "rejeita"...são as semelhanças (por muito diferentes) com o dantes (nem que seja o tom com que se diz uma palavra) que fazem ter medo.
quem quer esquecer, tem de fazer um esforço mas nunca sozinha. é dificil largar... dificil matar. tão fácil fazer lembrar. tão fácil.
os homens tb são assim... nem todos, mas... todos somos assim.

L. K. disse...

S.G.

percebi a intenção do post e se calhar não me expliquei bem :/ Vou tentar :)

Uma vez disseram-me: "nunca te cases com quem amas, fica antes com quem te ama, é muito mais fácil" (mulher), não concordei e argumentei forte (com as minhas teorias da equitatividade e sapos e cavaleiros, etc etc) até que veio a explicação (brilhante ?!?): "quem te ama não te quer perder e tu sofres menos com o que possa acontecer e ele têm muitas qualidades"
Não concordei novamente (óbvio) e aí chegou a verdadeira justificação: "um dia cansamo-nos de esperar o principe encantado, porque avançamos na idade e olhamos para trás e começamos a perceber que ainda não se tem filhos, uma casa e vida em comum"

"no limite ds suas forças se renderam, numa falsa rendição de quem só quer paz, viver um dia de cada vez"
penso que a ideia é não ter mais desilusões, é não voltar a chorar por nenhum outro homem, passam a chorar apenas por elas :)

e cá estou eu que não me adapto a conformismos e como diz a Me e muito bem (eheheheheeh boa Me): "Não sou o que procuras porque sou o dobro do que mereces".

P.S. acredito nisto para ambos os sexos, as mulheres não são martires, nunca o foram e Deus nos livre que alguma vez sejam.

;)

S. G. disse...

me,

defendo que as pessoas só podem avançar resolvendo de vez, e digo mesmo de vez o seu passado. se não só pode dar mau resultado. guardem-se as coisas boas, as lições aprendidas para que não se cometam os mesmos erros, e depois avancem com a certeza de que querem ser felizes. talvez assim percebam quem vos quer bem.

lizard,

não concebo um amor sem amor. não aceito aceitar o que temos só porque não queremos arriscar. sempre disse que preferia ficar sozinho a ser infeliz (e fazer igualmente alguém infeliz). acima de tudo temos de ser honestos connosco, e com quem estamos. ou há um amor desmedido, lutador e capaz de enfrentar as dificuldades, ou então não vale a pena.

isto sou eu que sou de ideias bem vincadas e prosigo os meus intentos de forma aprimorada. cada um sabe de si.

Me disse...

SG,
Eu concordo contigo... Ser bem resolvido/a é dificil. É ter capacidade para ver tudo com "novos" olhos... É conseguir lutar contra aquela sensação "deja vu"... nunca nada é igual. Mas sem se estar resolvido/a, nada é de facto possível... O futuro não chega nunca.