[1245]
um dia acordamos com um estranho na cama
.
e percebemos que
.
não foi impunemente que desperdiçamos um amor assim.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
fímbria [4]
Publicada por S. G. à(s) 18:03 1 amigos do bagaço
Etiquetas: da saga: não deveria valer aforismos
Simplesmente uma constatação de factos
1 - Existem determinadas pessoas que possuem internet.
2 - Essa colectividade de pessoas criou um blog.
3 - Como nos comuns blogues, colocam posts.
4 - Depois de uma pesquisa exaustiva, verifiquei que o último post colocado entre as 9h e as 12.30h foi no dia 10 de Julho.
Publicada por El Salib à(s) 15:14 3 amigos do bagaço
Etiquetas: Da saga: a pesquisa nunca fez mal a ninguém
fímbria [3]
[1243]
no fundo, nos dias de hoje
o amor não é mais
que uma partilha de
egoísmos.
Publicada por S. G. à(s) 13:03 6 amigos do bagaço
Etiquetas: da saga: não deveria valer aforismos, Delírios Saudáveis
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
palimpsesto [2]
[1242]
Publicada por S. G. à(s) 18:10 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis
eu o indústria e o bar deslize
Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos
Publicada por S. G. à(s) 13:05 0 amigos do bagaço
Etiquetas: poesia, sebastião alba
se em milão vive o amor
Publicada por S. G. à(s) 11:03 2 amigos do bagaço
Etiquetas: a minhas férias foram pórreiras, milão
sábado, 27 de setembro de 2008
sobre a poesia
[1239]
Jorge Luís Borges
.
“ […] preconizava o verso, porque impede que os espectadores esqueçam a irrealidade, que é condição da arte. […]”
Ficções, Colecção Mil Folhas, nº 39 – Jornal Público
.
.
.
Eduardo Lourenço
.
“[…] Para mim, a poesia não é essa espécie de canto ornamental da existência humana. Não. A poesia é aquilo que nos põe em contacto com qualquer coisa que até ali não víamos, não sentíamos. Passamos a ter outra visão, […] A grande poesia é aquela que, de repente, nos oferece um mundo, no qual a vivência deste se altera em cores e dimensões não sonhadas. É a criação de um outro mundo que se acrescenta ao nosso mundo visível. […]”
Revista Ler – Setembro de 2008.
Publicada por S. G. à(s) 14:14 0 amigos do bagaço
Etiquetas: poesia
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
odorífero ramo de santonina
acredito que há coisas que não precisam de demonstração prática para retirar delas o prazer que me dariam, se porventura os meus sentidos fossem postos à prova pelo contacto directo. é uma espécie de axioma que nem as tuas investidas pela criação de uma imagem repelente, me fazem quebrantar a certeza férrea no contrário; cito agora por conveniência da mensagem que te deixo.
hoje ensimesmei no teu sorriso. é dele que me despedirei no dia em que – cumprindo uma última tarefa que me sobra – direi com ternura, foi um prazer estar apaixonado por ti.
pelas mãos de um demiurgo profético terás um destino mais feliz que o meu, pois o teu perfume a santonina não deixa adivinhar outro desenlace.
Publicada por S. G. à(s) 18:10 2 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis
intróito [10]
[1237]
.
entre os dicionários abertos, a enciclopédia espalhada na cama, o eça triste por não o ler há dois dias, o rilke mais alegre por estar a ouvir as suas palavras a um jovem poeta, sinto a entrada do outono de mansinho. que venha pois esse tempo de mudança. espero pelo inverno e pelos dias em que terei de estar de robe vestido, deitado na cama, meias de lã e com o portátil à frente, escrevendo talvez o último trecho do registo do meu deslumbramento.
.
contando com este paragrafo, é a vida em três pequenos actos.
Publicada por S. G. à(s) 13:18 6 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, intróito
fímbria [2]
[1236]
se adivinhasse as cores do rosto
a que me sujeito inerte e em
todas as noites tocasse a
fímbria da pureza,
poderia aligeirar a sorte vã
o desfecho torpe e azedo
que se despedaça nas minhas mãos.
Publicada por S. G. à(s) 09:00 0 amigos do bagaço
Etiquetas: poesia
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
fímbria
[1235]
Publicada por S. G. à(s) 18:00 2 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis
conto de fadas
um daqueles mails que recebi hoje e que quero partilhar
O MELHOR E MAIS PEQUENO CONTO DE FADAS DO MUNDO
"Era uma vez um rapaz que pediu uma linda rapariga em casamento:
- Tu queres casar comigo?
E ela respondeu:
- Não!!!
E o rapaz viveu feliz para sempre... foi à pesca, jogou futebol,
conheceu muitas outras miúdas, comeu-as todas, visitou muitos
lugares, estava sempre a sorrir e de bom humor, nunca lhe faltava
caroço, não discutia nem nunca brigava, bebia cerveja com os amigos
sempre que estava com vontade e ninguém mandava nele...
A rapariga teve celulite, varizes, engordou, os peitos caíram,
fodeu-se e ficou sozinha.... "
Publicada por Unknown à(s) 12:00 2 amigos do bagaço
Etiquetas: contos
intróito [9]
jorge luís borges, num conto magistral * todo ele carregado de fascinantes rasgos de genialidade (para não inventar mais adjectivos sobre a escrita do génio), fala sobre o pensamento de um condenado à morte, “a seguir reflectiu que a realidade não costuma coincidir com as previsões; com lógica perversa inferiu que prever um pormenor circunstancial é impedir que este suceda.”
compreendo agora tamanha descrença no futuro que vou escrevendo. é a esperança (na lógica pervertida de borges)
.
* o milagre secreto, pp. 131 - Ficções (Colecção Mil Folhas, nº 39 – Jornal Público)
Publicada por S. G. à(s) 09:00 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, intróito
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
ignomínia
[1232]
dizem alguns de pensamento mais incauto
que à falta de uma realidade possível
tudo não passa de parlapatice.
.
isso, minha querida, são palavras de emulação.
Publicada por S. G. à(s) 13:13 2 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, dimples de verdades
Visconde
Publicada por RSM à(s) 09:48 4 amigos do bagaço
terça-feira, 23 de setembro de 2008
intróito [8]
[1229]
Publicada por S. G. à(s) 18:07 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, dimples de verdades, intróito
palimpsesto
[1228]
rasurei o pergaminho
reescrevendo de novo o texto
.
só para que ninguém saiba, amanhã
o quanto te amei, hoje.
Publicada por S. G. à(s) 18:00 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, dimples de verdades
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
intróito [7]
[1227]
Quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer
com uma overdose de beleza
.
e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador
.
Al Berto
Publicada por S. G. à(s) 18:05 2 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, dimples de verdades, intróito
um fantasma sebastianista
[1226]
Publicada por S. G. à(s) 13:02 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Show de bola
Publicada por RSM à(s) 10:05 7 amigos do bagaço
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
intróito [6]
[1223]
estar sentado em frente a este blog,
e não saber como começar a escrever,
.
é o mesmo que estar sentado em frente a ti,
e não saber como começar a explicar a coisa.
.
como em tudo na vida é só começar...
Publicada por S. G. à(s) 19:19 3 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, intróito
intróito [5]
[1222]
Publicada por S. G. à(s) 16:51 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, intróito
intróito [4]
[1221]
Publicada por S. G. à(s) 13:00 3 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, intróito
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Online Magic
Quem quiser experimentar.
1. Ir a Google.pt
2. Escolher imagens e pesquisar alguma coisa (no meu caso foi: Ana Malhoa (depois voltei a tentar com Ana Malhoa nua)) - depois fiquei 10 minutos a pensei porque é que eu me lembrei da Ana Malhoa. Sempre é melhor do que se me tivesse lembrado no Nuno Gomes.
3. Substituir o endereço que está na barra de endereços pelo texto que está no link abaixo.
copiar isto para a barra de endereços
Magia!
Publicada por El Salib à(s) 15:59 1 amigos do bagaço
Etiquetas: A Magia do Sr. Google
É preciso ter vaca...
Todos os gajos que aparecem neste video têm, pelo menos, uma piroca até à canela. As gajas não sei bem o que dizer mas devem ter piroca também. Esta cena devia ser para escrever pequenas descrições mas eu tenho a puta da mania que sou diferente!
O texto acima é que deveria ter sido a label original, mas não se pode ser diferente.
Publicada por El Salib à(s) 15:59 3 amigos do bagaço
Etiquetas: ERROR The combined length of all the labels must be at most 200 characters.
intróito [3]
[1218]
Publicada por S. G. à(s) 13:03 6 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, intróito
Sentimento e Razão
Publicada por RSM à(s) 10:06 0 amigos do bagaço
terça-feira, 16 de setembro de 2008
intróito [2]
[1216]
Publicada por S. G. à(s) 18:10 4 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, intróito
intróito
[1215]
Publicada por S. G. à(s) 13:03 3 amigos do bagaço
Etiquetas: intróito
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
o estranho caso do que se esconde ou não queres mostrar
bastam-me 5 minutos teus, e mais estes 5 minutos (desarmantes), para o meu dia voltar a ser um dia inteiro.
Publicada por S. G. à(s) 18:20 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis
o estranho caso do que se escondeu durante anos
[1213]
Publicada por S. G. à(s) 13:03 5 amigos do bagaço
Etiquetas: Livros
o estranho caso do que se esconde
[1212]
Publicada por S. G. à(s) 09:30 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis
domingo, 14 de setembro de 2008
a insigne poesia dos limas [4]
[1211]
IV
.
hoje acordei com a casa cheia
de crianças. que me chegava
ao teu corpo e o teu ventre
era de novo dilatado de esperança.
acordei.
hoje acordei ao pé de nós, de novo
com o barulho dos teus sonhos,
como se crianças habitassem
a nossa cama.
acordei.
hoje acordei e voltei a pensar no
teu amor desperdiçado nesta casa
vazia de nós.
por fim acordamos de novo alegres e sós.
.
.
(a insigne residência dos limas [1], [2], [3], [4])
(a insigne poesia dos limas [1], [2], [3])
Publicada por S. G. à(s) 14:00 0 amigos do bagaço
Etiquetas: a última novela, blog-novela, poesia, poesia da prosa
sábado, 13 de setembro de 2008
a insigne residência dos limas [4]
IV
certos domingos são penosos para ele. o nosso ilustre residente desta terra, sabe que os sorrisos da mulher ao brincar com as crianças, são um pouco paliativos. hoje não podem ter filhos, e por isso a dor que ela foi amenizando com o tempo, não deixou de se transferir para ele. ele pressente que nos dias em que regressam da missa na capela da aldeia, o silêncio que se tomba sobre os lábios dela, nada é mais que um toque do passado, que ressoa no seu espírito como os sinos da torre anunciando as horas.
os afazeres semanais são colmatados com algum trabalho comunitário. lúcia e antónio lima, nasceram com a vontade de mudar o mundo de fora para dentro, tantas vezes tentando cortar com as mentalidades ultrapassadas. a educação das crianças era muitas vezes esquecida e este casal preferia dedicar-se a refinar o gosto das crianças pela natureza, pela arte, pela música e pela literatura. era para os limas a única e admitida forma de curar a maleita dos corpos, que secos, jamais conseguiriam dar ao mundo um rebento com o apelido lima.
(tantas vezes a tristeza se apodera de lúcia de tal maneira, que o seu olhar se perde do mundo em todas as pequenas estrelas da noite)
é nesses dias que se dedica com mais afinco a procurar a novidade, mesmo que ao fim de tantos anos lhe pareça mais difícil surpreender a esposa. corre lugares em busca de livros fabulosos e raros. calcorreia ruas e lojas soturnas, escondidas em becos, procurando saber dos objectos que possam fazer saltar o coração ou de novo cintilar os olhos da mulher que ama. hoje decidiu-se por um girassol, tal como os que tem no jardim, um girassol de cor silvestre e aguerrida, algo tão sul americano que talvez a possa alegrar pelo lado carnavalesco. acompanhou-o por uma passagem de eça de queirós, transcrita à mão num papel perfumado e delicado, uma fraqueza que sabia à partida tornar lúcia lima num adocicado principio de noite de primavera.
não era surpresa. ela sabia que quando chegava e os vitrais do lado nascente irradiavam uma luz tremeluzente, era sinal de que a mesa estaria composta de todos os apetrechos romanescos, e as velas ardendo no castiçal do centro seriam o desfazer da dúvida. era mulher de amor controlado, profundo é certo, mas quase sempre calmo e profundamente tranquilo. mas o esforço de quem amava incondicionalmente, deixava-a perdida num lago emocional, numa estreita confluência de prazer e estímulo, que desaguava desmedidamente no seu peito sem poder controlar. e assim, disfarçando o espanto, descerrava o pano do palco, e emocionadamente entregava toda a sua alma naquele cristal polido.
o sonho acordava na manhã seguinte entre os ponteiros dos relógios e os sorrisos carregados de indisfarçável satisfação de ver crescer o rebento do amor, como um filho legítimo.
Publicada por S. G. à(s) 14:00 0 amigos do bagaço
Etiquetas: a última novela, blog-novela
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Crónicas da Terra - Educação
Publicada por Pedro Indy à(s) 01:26 2 amigos do bagaço
Etiquetas: Crónicas da Terra
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
a insigne poesia dos limas [3]
[1208]
III
a infinita amargura desprende-se no vento
arrastada pela folha da oliveira. o corpo
suspenso, amarrado ao passado, extirpando
o medo e a vergonha de falhar o presente.
a infinita amargura, despida na aragem
pesando como um fim cumprido ao relento,
sustenta a promessa da vida decepada, na
vinha,
sem as folhagens de setembro
a infinita amargura, de quem enlouquece,
é um tronco
de um homem como fruto nascido
de um tronco
da oliveira em pomo no fim do outono.
.
.
(a insigne residência dos limas [1], [2], [3])
(a insigne poesia dos limas [1], [2])
Publicada por S. G. à(s) 18:26 0 amigos do bagaço
Etiquetas: a última novela, blog-novela, poesia, poesia da prosa
a insigne residência dos limas [3]
[1207]
III
(…)
a vida de uma casa, mesmo que perdida entre uma imensa paisagem, tem sempre escrita uma página a negro no seu livro de registo. na história desta insigne residência que temos vindo a relatar com o suposto rigor realista de observador, há um episódio que relutantemente vamos revelar. não há nada que possa alterar o passado, seja de uma pessoa, de uma vida, de uma casa, ou mesmo de um santo. contar o que se passou nesta casa há quase sessenta anos atrás, não é senão uma inconfidência que desonra a confiança de que se apoderou o narrador do texto. não há no entanto certeza de que não possa fazer falta ao enredo.
(…)
nos pequenos caminhos que aqui desaguavam nas portadas desta casa, havia sempre um empecilho que impedia o seu dono de transportar a carroça sem ser necessário parar para o resolver. uns dias, pedras de um muro que caíam, noutros uma cobra que atiçava o jumento, e nalguns casos era o padre que se enamorava a uma raza de milho ou feijão. isto é um país de maltrapilhos do alheio, comer e beber sem trabalhar corria no sangue de muita gente.
(o nome do nosso agricultor, de nada importa, nem que sirva para o deixar a salvo de críticas. o seu trabalho de uma vida merece que a tragédia seja revelada pelas palavras mortiças de quem não esteve lá, e, na verdade, pouco mais sabe que a lenda.)
a vida deste desgraçado sacrificado termina num dia de sol arrasador. era um dos dias em que a mulher necessitava recolher água num poço perto de casa. empenhado noutras tarefas, o nosso obstinado trabalhador, nem teve tempo de respirar para tentar salvar o seu filho que caíra, sem salvação possível, das mãos da sua mulher. do fundo do poço saiu um cadáver. ou nem isso. um corpo de uma criança é um pedaço de céu azul, uma lágrima arrancada a um duro homem da terra.
não que esta casa esteja talhada ao azar. mas passados dias - podemos ver ainda baloiçando na oliveira – o corpo do enforcado. o corpo de quem dizima a alma ao mundo estratega e ceifeiro. a mulher enlouqueceu e foi internada numa casa de saúde o resto dos dias. a igreja seria a proprietária durante vários anos, até ser vendida umas quantas vezes até chegar aos ilustres limas.
(…)
o casal está à sombra daquela oliveira neste dia estival. saboreiam a sobremesa de frutos colhidos nos campos. saboreiam a vida. saboreiam tudo o que têm e que um dia faltou nesta terra, nesta casa, debaixo desta mesma oliveira. sabem que para viver em harmonia com a vida, precisam apreciar o silêncio dos dias mesmo que os espaços nos guardem segredos. e os limas sabem fazer isto como ninguém.
(…)
Publicada por S. G. à(s) 08:30 0 amigos do bagaço
Etiquetas: a última novela, blog-novela
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
a insigne poesia dos limas [2]
[1206]
beija-lhe na testa a poesia
que se acumulou pelos anos,
aquela que se verga nos riscos marcados
na pele suave.
beija-lhe a testa.
.
beija-lhe o cheiro do cabelo
que se entranhou na memória,
o cheiro que de olhos fechados semeia passados
na pele, no cabelo
beija-lhe a testa.
.
beija-lhe o implícito contrato
que se assinou com olhos postos no horizonte,
num destino bordado a ponto cruz
em tela, no cabelo, na pele.
beija-lhe a testa.
.
.
.
(a insigne residência dos limas [1], [2])
(a insigne poesia dos limas [1])
Publicada por S. G. à(s) 18:03 2 amigos do bagaço
Etiquetas: a última novela, blog-novela, poesia, poesia da prosa
terça-feira, 9 de setembro de 2008
o apocalipse dos trabalhadores
[1205]
quem ler esta obra não passará a conhecer bragança, nem mais pormenores do interior de portugal, dos que não sejam já sobejamente conhecidos, mas poderá contudo provar um sabor mais requintado e eloquente desta gente, “porque isto aqui não é nada […] não vai ser terra de negócio para ninguém. vai ser um campo vazio a arder no verão e a congelar no inverno, e quem cá viver será só vítima de um dia atrás do outro e nada mais.” (pp. 180)
o enredo centra-se mais na vida difícil dos que sem empregos estáveis, e dos que com trabalho muito precário e muito mal pago, levam uma vida de desenrasque constante. a maria da graça, personagem principal , leva uma vida de mulher-a-dias, na casa de um rico senhor ferreira, que paga um ordenado miserável. certo é que o homem passa o dia em casa e em variadas ocasiões o sexo entre os dois é tema mais que estranho, dada a inconstância da reacção de maria da graça, ora consente o acto, ora se recrimina pela traição ao marido augusto que vive em alto mar.
a quitéria, segunda mulher-a-dias, é também peculiar pela idade avançada e por ser descrita como mulher desembaraçada no que toca a amantes. o andriy, seu novo namorado, é o personagem romeno que completa o cenário, entrelaçando a difícil vida dos romenos com a sua imigração em busca de um país que os fará ricos, com a realidade transmontana. as dificuldades levam à conclusão que “o melhor era beber a cada noite o suficiente para deixar de pensar nisso. não pensas, não falas, não queres falar […] é importante perder a lucidez para não existir a necessidade de se ser compreendido, […] viu-se como um competente administrador das suas penas, pondo-lhes fim, uma a uma, com força de ferro.” (pp. 55)
há dois aspectos de salientar na construção do cenário, um deles ressalta à vista por descrever de forma muito kafkiana (na vertente metamorfose), a forma como o pai do senhor ferreira se arrasta pelo chão como uma tartaruga – depois de uma queda que o paralisou – realçando o pormenor estético duro da imagem transmitida. o segundo aspecto é a constante descrição dos sonhos de maria da graça tentando entrar no céu, que apesar de peculiar, dá-nos uma visão dantesca do que poderemos chamar purgatório.
o refinar da qualidade do sarcasmo e principalmente da ironia, mostra que neste livro houve um esforço em tentar pintar de uma forma mais leve os cenários da vida difícil que os personagens são obrigados a enfrentar, sobressaindo principalmente na descrição dos velórios em que as duas mulheres vão ganhar dinheiro fazendo de carpideiras. há certos momentos hilariantes em que ao imperar o medo o autor alivia o suspense pela conversa das duas amigas “chiu. ouviste. não. pareceu-me ouvir qualquer coisa. quem dera seja um homem e nos viole. cala-te és tão estúpida. e tu pior, que te apaixonas pelo estupor de um velho que te come com um dedo mindimo e cheira mal.” (pp.33)
parece diferir em muito da forma como foi construído “o remorso de baltasar serapião”(2006) e “o nosso reino” (2004), estes sim muito próximos nos cenários um pouco carregados do fabuloso e do imaginário. neste caso a vida acontece tal como ela é, onde sobressai a permanente luta entre o que se pode compreender ser o amor, e o que se vive na prática. há sempre presente a ideia de que os personagens são românticos e sonhadores, aspirando a uma vida amorosa perfeita, contrastando com os seus inconsequentes actos dominados pela vontade sexual. atente-se nas duas citações seguintes: “encheu o peito de tanta coisa que poderia ter respondido de mil maneiras, boas ou más, tão diferentes e todas tão importantes. parou os olhos no ar expectante do desconhecido e respondeu, não me interessa o amor, isso é coisa de gente desocupada que não tem o que fazer.” (pp.29) desdenha-se o amor, para logo a seguir comprar esta imagem, “pois, coitada, morrer de amor á espera. isso de esperar é que me dói. morrer de amor tem de ser no acto, isso, sim, é morrer de felicidade. agora morrer à espera é do pior.” (pp.34)
gosto também de realçar a forma muito pessoal de encarar a religião do autor, porque em muitos aspectos parece um católico, que não sendo ateu, nem propriamente um agnóstico, delimita a força de chegar a deus ao homem e à sua vontade própria de se comunicar com ele, “é o que devia ser uma religião, apenas isso, uma profunda e tão intuitiva paixão pela vida.” (pp. 59)
.
o apocalipse dos trabalhadores [8/10]
valter hugo mãe, quidnovi - 2008
APRESENTAÇÃO NA FNAC BRAGA - QUARTA-FEIRA, 10 de SETEMBRO
Publicada por S. G. à(s) 09:20 1 amigos do bagaço
Etiquetas: casa de osso, Livros, valter hugo mãe
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Que rico dia de praia!
Publicada por RSM à(s) 19:19 1 amigos do bagaço
Etiquetas: Vacances
florentino ariza não morreu de amor [10]
.
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
pablo neruda
Publicada por S. G. à(s) 18:08 4 amigos do bagaço
Etiquetas: amor em tempos de cólera, florentino ariza também morreu, mesmo que garcía márquez não nos tenha dito
lost in translation [5]
[1202]
não é apaixonado,
(isso era extemporâneo)
mas antes fascinado.
.
a diferença entre um e outro estado
está apenas à distância de um beijo.
Publicada por S. G. à(s) 09:24 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Coisas que havemos de cantar no karaoke
Esta música lembra-me a infância e altifalantes na igreja. Não me perguntem porquê... mas lembra-me.
p.s.-Se não se importarem eu gostava de fazer a parte do "turururururu ru".
Publicada por Pedro Indy à(s) 16:49 5 amigos do bagaço
Etiquetas: karaoke
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
lost in translation [4]
[1200]
ainda serei capaz de descobrir uma
teoria
que contradiga esse teu existencialismo-pragmático,
.
não sei é se não será tarde.
Publicada por S. G. à(s) 18:13 0 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, dimples de verdades
terça-feira, 2 de setembro de 2008
florentino ariza não morreu de amor [9]
[1199]
florentino ariza não morreu de amor. morreu a dormir num dia de calma subida do rio
Publicada por S. G. à(s) 18:28 0 amigos do bagaço
Etiquetas: amor em tempos de cólera, florentino ariza também morreu, mesmo que garcía márquez não nos tenha dito
Sem grande jeito
E se de repente uma mulher se oferecer para cozinhar?
Isso é o quê?
Publicada por RSM à(s) 11:45 5 amigos do bagaço
Etiquetas: Vacances
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
lost in translation [3]
[1197]
sabes,
.
tenho em manuscrito a mais linda carta de amor
que alguma vez fui capaz de escrever.
tenho estado a ultimar os pormenores
a reescrever a parte em que te ofereço
a lua-quase-cheia
as chamadas noites brancas,
a fada e o fauno em uníssono canto
prometendo o meu quase-amor-infinito ao teu destino.
.
sabes,
.
tenho entre mãos umas quantas folhas salpicadas de tinta
porque me tremia a mão ao imaginar-te
sentada a ler esta imaginada-missiva levada
por um pombo correio
embora me falte corrigir o erro essencial.
.
sabes,
.
contenho-me sabiamente perante a demanda do graal,
como se o chegar perto de ti não fosse o objectivo
mas antes conseguir tocar o teu coração.
se fecheres os olhos ao ler-me escrito nesta alegoria
verás um cósmico futuro
carregado de um semblante azul-celeste.
.
(agora, se não te importas
quando passares por aqui,
deixa-me a tua morada, para a poder enviar)
Publicada por S. G. à(s) 18:09 9 amigos do bagaço
Etiquetas: Delírios Saudáveis, dimples de verdades
caracteres sem som [11]
[1196]
And now, the end is near;
And so I face the final curtain.
My friend, Ill say it clear,
Ill state my case, of which Im certain.
Ive lived a life thats full.
Ive traveled each and evry highway;
And more, much more than this,
I did it my way.
Regrets, Ive had a few;
But then again, too few to mention.
I did what I had to do
And saw it through without exemption.
I planned each charted course;
Each careful step along the byway,
But more, much more than this,
I did it my way.
Yes, there were times, Im sure you knew
When I bit off more than I could chew.
But through it all, when there was doubt,
I ate it up and spit it out.
I faced it all and I stood tall;
And did it my way.
Ive loved, Ive laughed and cried.
Ive had my fill; my share of losing.
And now, as tears subside,
I find it all so amusing.
To think I did all that;
And may I say - not in a shy way,
No, oh no not me,
I did it my way.
For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught.
To say the things he truly feels;
And not the words of one who kneels.
The record shows I took the blows -
And did it my way!
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frank sinatra
Publicada por S. G. à(s) 09:30 0 amigos do bagaço
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