domingo, 14 de dezembro de 2008

a babel do estonteante mundo novo

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o que mais gosto no inverno é o frio. hoje gosto menos, é verdade. entranha-se mais nas carnes ao de leve e instala-se rapidamente, entornado com uma força incontrolável, como se descesse lentamente até chegar aos pés (e depois dos pés frios ninguém está sossegado). sofro mais agora, neste adiantar da idade, de tal forma que já não sei se gosto assim tanto do frio do inverno.
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só com muito esforço vocês entenderiam o que esta introdução teria a ver com o resto do texto. é que isto aconteceu-me por estar aqui parado em frente ao computador. já procurei a mantinha que vai disfarçando este mal estar. já aproximei o radiador dos pés e nem assim consigo relembrar que um dia fui jovem (a minha mãe diz que deve ser da circulação)
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vale que vou lendo uns textos dos blogs de eleição antes de regressar aos meus companheiros recentes, nomeadamente este, e este (em boa hora fiz a assinatura) recentemente recebido em casa.
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o companheiro atento e já citado aqui algumas vezes, anuncia um novo cantinho a ler (e li o blog do principio ao fim). para além de não deixar de recomendar vivamente, devo retemperar forças porque há algumas coisas que nos deixam do avesso. algumas das palavras escritas pela autora, deixaram-me a pensar nos limites que temos de quebrar para tentar melhorar o que escrevemos. se por vezes o realismo me surpreende quando chega em escritos condizentes com a qualidade exigível, o patamar da poesia (ou da prosa-poética) que se desloca entre herberto e al berto (é o caso dos dois bloggers, curiosamente), feito de duras metáforas de sangue, não me permitem ver com clareza o caminho que quero percorrer (apesar de escrever para guardar no caderninho). e neste momento desculpo-me muitas vezes por não procurar desbravar certos caminhos que já deveriam ter sido calcorreados. na poesia é preciso ler tudo, tentando descobrir o destino das palavras que procuro, sendo que o prazer de as escrever deve ser o primordial objectivo. nisto de pegar nas cartas, baralhar e dar de novo (não há muito que não tenha sido dito) obriga-nos a estar numa vanguarda do nosso próprio conhecimento.
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agora retiro-me para um lugar mais quente (físico) e deixo-vos umas palavras que guardei da autora,
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7 comentários:

ana salomé disse...

muito, muito obrigada por estas palavras tão bonitas.. *

encontrar os vossos cantos também foi para mim uma óptima descoberta.
acompanhá-los-ei de perto.

beijinho.

nina disse...

pés frios são agora a minha grande especialidade..um saquinho de água quente são a melhor solução para aquecer..

S. G. disse...

ana,

vemo-nos por aí então :-)

nina,

nem me fales dos pés frios, é que depois tive mesmo de recorrer ao saquinho de água para adormecer :-)

L. K. disse...

Ninguém está realmente só, quando se tem a si próprio, e o mais irónico é haver tanta gente de "pés frios" acompanhado nessa solidão...mas afinal "pessoa aborrecida é aquela que nos priva da solidão sem nos fazer companhia"
Por vezes a mantinha é a melhor companhia, não exige e não reclama a nossa atenção sem nunca olhar para nós...bastando-lhe saber-nos "ali". Afinal o que é a solidão?
Haverá algo mais solitário que o "esquecimento" em presença.

S. G. disse...

agora aceito melhor o tempo que passo só. talvez por nunca ter tido tempo para o apreciar convenientemente. hoje essa manta é uma grande companhia, mas apesar de tudo gosto do meu recanto para ler (blogs, livros, bons comentários aos posts - e responder-lhes com tempo :)

dissertas sobre os contrários e os opostos. a solidão nas suas vertentes diversas ou matizes. de facto estar com alguém que não nos dá atenção é uma forma de solidão dura. já o facto de eu saber que tenho muitos e bons amigos (e se lhes ligar tenho a certeza que estarão lá), então isso serve para aquecer os pés , o corpo e alma.

é a idade a mostrar-nos uma nova perspectiva da vida. ou uma mudança em curso :-)

L. K. disse...

São ambas as coisas...a idade permite-nos essa mudança...já não é suficiente sair todos os fds como se o mundo acaba-se amanhã, hoje percebemos que a solitude ( e é diferente de solidão) é absolutamente necessária, porque se não tivermos tempo para nos ouvir a nós, nunca iremos ter a serenidade suficiente para ouvir o outro...e sim concordo em absoluto, os amigos de verdadeiro "A", por vezes sabem mais de nós e fazem mais companhia do que quem nos devia privar da solidão...
Pergunto-me o porquê de deixarmos de ver e ser vistos, por quem temos junto a nós...Será a segurança do que se pensa garantido??
Não sei, continuo à procura :)

S. G. disse...

acertaste em cheio :-) isso da noite é cada vez mais verdade. apesar de eu acreditar que tenho de estar no sítio certo à hora certa (estar no local onde o destino se cumpre).

e a certeza de termos alguém ao nosso lado para sempre é ilusória. é um trabalho que tem de ser feito por ambos, ou então nada feito. por isso é que eu defendi que o amor custa e dá trabalho. é neste sentido de proporcionar vivência quente diária, uma espécie de paixão mais refinada :-)