quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Também vou passear.

Boa viagem para quem vai dar uma volta por outras paragens. Cuidado com as ramblas... Não acabem a ser enramblados!

Eu também vou passear.

Vou trocar Bissau por Kotu (Gambia) durante uns dias.

Novidades, novidades, só lá para quarta ou quinta-feira.

Bom carnaval e cuidado com aqueles moços da Al-Quaeda.

vou ali e já venho

[652]

vou ali e já venho. mas ainda deixo uns poemas para chatear alguém. se voltar bem, prometo tentar perceber que se passou com este blog. assim de repente tornar-se uma meca. não percebo.

Mãe [4]

[651]

veste o casaco axadrezado, sai comigo à rua.
vamos ver os carros devagar a descer e nós a correr,
de mãos dados, p'ra que nunca me fujas.

veste esse vestido roxo, traz um xaile de malha.
vamos ver aquelas árvores onde me seguro e baloiço
e me empurras com as minhas pernas esticadas.


lembras-te de quando me dizias, que isto era muito dinheiro,
e mesmo antes de te atormentar o coração, já eu te dava a mão,
para sairmos em busca do que não se compra.

pousa sobre as pernas a tua manta cor de rosa,
agasalha os dias que passamos em uníssono, e onde o cordão
era apenas a peça em falta na união perfeita.

veste esse sorriso de amor.

Mãe [3]

[650]

mãe,

quando ainda não chegava à tua cintura,
nem mesmo em bicos de pés, esticado
a pedir a tua atenção, esticado
e agarrado à tua saia,

mãe,

quando ainda não chegava aos pés,
nem mesmo com a força da manhã, olhava
a tua dedicação minuciosa, olhava
e sentia o chão frio,

mãe,

e quando me calçavas as meias e os sapatos, mãe?

(30/01/2008 12h06)

Mãe [2]

[649]

e nas manhãs que acordavas sonolenta,
e naquelas horas de correria,
nos momentos mais ariscos e sérios,
tu ainda sorrias.

(30/01/208 11h45 a.m.)

A caminho do Euro



Termina hoje o prazo de subscrição de bilhetes para o Euro-2008.

Os nossos 8 bilhetes já estão pedidos.

Esperemos ser bafejados pela sorte!!!

Mãe [1]

[647]

que tormentos e dores me dás minha mãe.

carrego comigo o teu peso em suspenso, dias
a fio sustendo no peito os desafios, dias
próximos da hora da tua chegada, dias
em que nasças de mim.

dar-te à luz de mim, assim dada
a ver este mundo de rudeza e suor,
carrego o peso do teu crescer.

que tormentos e dores me dás minha mãe.

embalo-te em noites frias de inverno, eu
só, na busca do sono que tenhas em sossego, eu
só, enxugando lágrimas incónitas, eu
só, para o amparo da solidão.

porque me choras assim, destreza de grito?
porque insiste em segurar-me a mão?
porque queres nascer de novo em mim?

que tormentos e dores me dás minha mãe.

pudesse eu ser a tua força encarnada
e este meu delírio invertido não seria mais
que o desejo de te tirar a terra de cima,

que tormentos minha mãe.

(29/01/208 23h30 p.m.)

quem és tu miúda?

[646]




aos ANO MIMOS (quem não gosta de mimos?)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Por terras Espanholas

Sexta-feira é dia de embarques!
Já sabemos que três camurcinas vão até Barcelona, eu vou até Madrid...
Portem-se bem por terras de sua majestade (sim, também lá há rainha), que eu vou fazer o mesmo!!!

sorri a medo

[644]

sorri a medo.
era o olhar profundo que me antecedia o pensamento,
deitados sobre o relvado húmido da manhã.

sorri a medo e pedi.
eras uma visão filtrada pelo sol, raiada
e a luz incidia directamente no meu desejo.

sorri a medo e pedi com vontade,
e disseste com a verdade estampada nas gotas de água
que um dia o sol deixaria de brilhar.

só tenho pena de perderes o cintilar da tua boca, ousada
e da casa com uma janela, virada a nascente,
sacudida pela escuridão da ausência.

tenho pena se perderem os meus olhos, luzes,
e sem te ver perder orientação, luzes,
e sem te ver, só.

só.

antes que vás, sorri, nem que seja a medo, fica
esse riso preso no verde deitado em mim, espera
ainda que o sol se vá, perdurará assim.

antes que vás, sorri, nem que seja a medo.
(29/01/2008 - 21h30 p.m.)

(re) citações

[643]

bem visto e bem escrito pelo gustavo sampaio, é de uma precisão impressionante.
.
"[...] o meu mapa cartográfico-sentimental é caótico. e quase todas as meninas bonitas e tão corajosas que tentaram desbravá-lo acabaram perdidas num infindável labirinto de emoções assimétricas e afectos desordenados. em suma, foram vítimas, precisamente, daquilo que em primeiro lugar as cativou na minha pessoa. e escuso-me a especificá-lo, basta lerem-me atentamente. [...]"
.
leiam o post todo. aqui.

[642]

juro que um dia ainda me consigo perceber.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Não, ao novo acordo ortográfico...pô!


No outro dia, à conversa com um professor de Português perguntei em jeito de provocação:

-Então e o novo acordo ortográfico?

Notei imediatamente um certo desconforto tácito face à questão. Por isso decidi amenizar a situação recorrendo á velha chalaça:

-Bom! Até existem algumas vantagens em escrever "fato" em vez de "facto" nomeadamente, o FACTO de assim os "pobres" dos autores brasileiros poderem vender mais alguns milhares de livros do Paulo Coelho no mercado português, sem necessitarem de ser devidamente traduzidos ou adaptados á nobre língua de Camões.

Depois da tentativa de blague, o meu colega de Português sussurrou sardonicamente:
-Sabes que mais, eu não vou obedecer ao acordo. Até porque uma língua deve evoluir naturalmente e não por decreto de lei.

Naturalmente aliviado, complementei a mesma ideia heroicamente:

-Olha, eu também não. Eu, também não!

Ar fresco

Alguém acredita que a remodelação governamental, vai trazer novas políticas sectoriais na saúde e na cultura???? Eu não!!!

o fim dos dias

[639]

então é assim o fim dos dias, o fim
das coisas saborosas, das ditas amarras
corpos viciados em prazeres banais, comensais
desregrados como animais desenfreados.
quero viver os dias que não vou estar aqui, já
entre as horas mais abertas ao paladar, beber
néctares de sabor intenso, beber
sabores misturados de terra e chuva, beber
beber, beber e beber.

então é assim o fim dos dias, o fim
dos adoradores de belezas constantes, fugidias
da consciência inútil ou afastada à força, duras as formas
de ver para lá do que se sente apenas.
quero viver os dias que não vou estar aqui, já
depressa a sentir o fogo do corpo a crescer, viver
entre o toque prazenteiro das mãos ociosas, viver
entregue ao fatal peso do pecado da tua carne, viver
viver, viver, viver.

então é assim o fim dos dias, o fim
do trabalho diário para a construção do futuro, ali (já não vem)
deitados em descanso sonhando o edifício alto,
de sabor a poder, sabor a ter, enterrados no lodaçal.
quero viver os dias que não vou estar aqui, já
sem lágrimas a correr para o coração, amar
sem dores da mutilação e castração do coração, amar
os olhos, os lábios e as mãos, amar
amar, amar, amar (já não posso),


então é assim o fim dos dias?

dedicado aos anónimo (a) s

sim, sim. é que ninguém sabe.

[638]

juro que um dia descubro por quem os sinos dobram.

Velha-a-Branca [2]

[637]
no sábado passado assisti a uma conversa informal, de apresentação do famoso grupo, (boysband de garagem) de portugal. Os Azeitonas.

queria agradecer aos amigos da velha por terem trazido ao nosso convívio estes senhores, porque em boa verdade, foi um momento excepcional. eles animaram a malta e mostram ser muito simpáticos e de uma simplicidade assinalável.
.
mais uma vez obrigado pelo momento.

Velha-a-Branca [1]

[636]

o orador - mestre

miguel bandeira, um ícone que não me canso de ouvir, esteve em conversa com joão bessa, numa sessão organizada pelo café blog (com a participação de vários blogs bracarenses).

o debate foi em amena conversa de café, discutindo a temática do urbanismo e de que forma isso pode influenciar o suposto aumento de doenças mentais na sociedade actual.

não vou discorrer demasiado sobre o assunto, os colegas dos blogs que participam da organização terão esse papel, embora possa deixar uma ideia para os próximos debates. talvez a participação no final das pessoas do público, com duas ou três questões, possam ajudar a uma maior interacção e cativação à participação.

devo dar os parabéns aos organizadores. pela forma como decorreu, pela ideia e pela enorme participação. e já agora à velha-a-branca pela dinâmica que ainda ajuda a impor nos debates que escasseiam em braga.

cinenimação

[635]

cinema de qualidade razoável. uma passagem verídica sobre um senador que gosta de festas com mulheres e com droga à mistura. um senador que ficou desconhecido na história porque aquela guerra foi feita em surdina, nos bastidores, uma luta de guerra fria. e assim caiu o comunismo e o muro de berlim.
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tenho pena de não ver tom hanks fazer melhor. mesmo júlia roberts parece estar um pouco abaixo do seu nível. só mesmo philip seymour hoffman representa um papel de interpretação mais arrojado.
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trailer

sabe bem ir ao cinema sozinho. torna-se um momento de reflexão mais profunda. dá para pensar em tudo. (3 estrelas)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

LEGO

Tenho de fazer referência a algo que faz parte das minhas melhores recordações de criança. E por certo, de muitos que visitam este blog.



Hoje, o melhor brinquedo do mundo faz 50 anos! Parabéns à LEGO.

comemorações

[633]

10.000 visitas
comemorando com o que é nacional. AQUI.
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obrigado a todos.

o maneta e a revolução

[632]

ir pró maneta, vasco pulido valente, pp. 112, aletheia (***)
.
há dias sentei-me na fnac, peguei no livro e comecei a ler. é pequeno e não vale os 17 euros. quer dizer valer, vale. eu é que não posso gastar esse dinheiro todo, em tudo o que mexa e tenha letras.
vai daí, lembrei-me de ler ali sentado no café. e fui lendo, lendo, parando para apreciar um pouco a qualidade da escrita, os pormenores hstóricos e comecei a olhar a luta contra a invasão francesa com os olhos de ver. não fazia amínima ideia de como tínhamos conseguido derrotar, expulsar e humilhar um dos melhores exércitos de sempre.


bom, a bem da verdade, o que toda a gente fica a pensar é, quem será o maneta. ora bem. o maneta era um dos generais comandados de Junot (o comandante), chamava-se louis henri loison. e a certa altura foi um dos mais bárbaros, devido às constantes baixas do exército francês.

graças a uma inesperada resistência do povo português, que, mais a norte, consegui ir expulsando o exército para lisboa ( onde foi cercado e se rendeu mais tarde) com uma guerrilha muito organizada pelas aldeias, e mesmo sem grandes armas, os focos eram dispersos o que confundiu a tropa francesa.

para finalizar, 3 estrelas para o livro de vasco pulido valente.

aragem radiofónica

[631]

o programa da comercial o meu blog dava um programa de rádio, transmitiu esta semana uma sessão dedicada ao [vontade indómita], uma blog que acompanho com frequência, com posts espaçados, mas apenas publicados com mestria. de facto vale bem a pena visitar.
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agora citar este post, é digno de referência e claro está agradecimento ao pedro ribeiro pela coragem.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Suspiro

Aquele sibilino olhar azul!!!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

agora vai

[629]

aqui vão as news,
  • enfim já sou sócio do enorme S.C. Braga. 16833. em grande logo à noite no apoio ao assalto do terceiro lugar.
  • para quem não sabe, ou nunca ouviu, aqui fica o espaço onde podem ter uma ideia, do som maluco deste marotos. MYSPACE. a boneca chama-se nena? isso não é nome de gente...
  • só falta relembrar que o tio josé cid estará em guimarães, no novo espaço cultural, são mamede.

fim-de-semana à porta. e mais uma ronda pelos caminhos. faltam 6 dias...

os miseráveis

[628]

que é do plátano que fazia sombra nos dias quentes?
os miseráveis vivem assim debaixo do sol, entrando
mansos nos dias, abertos ao corrido passar do tempo.

se fossem estados de partida animada, mudando
tantas vezes a vida sem medo, sem nexo
outras tantas, podiam ser reerguidas as plantas, fruto
do achado nas esquinas da vida.

(que é do plátano que fazia sombra nos dias quentes?)

os miseráveis jogam os sonhos na roleta, mesmo
que incrédulos na mudança, ou incertos no resultado, mas
firmes e decididos, sem medo ou nexo.

mesmo que escolham acertadamente os caminhos, os miseráveis
nesses instantes decididos, são mais fortes que o sabor,
agrura adocicada, centelha de fumo fátuo.

(que é do plátano que fazia sombra nos dias quentes?)

os miseráveis escolhem o errado, mesmo
que o mais fácil seja o correcto, andando
num só rumo em demanda.

mesmo que nunca encontrem uma sombra de descanso, caminham.
que é do plátano que fazia sombra nos dias quentes?

cortou-o um miserável.

cinenimação

[627]

dizer que é um filme extraordinário e merecedor de vários elogios é pouco. este será provavelmente o filme do ano. por isso, só visto. poucas palavras podem melhorar a imagem que têm dele. é ir ver. vale mesmo o tempo investido.
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nomeado para 7 óscares da academia
.
deixem as novelas em casa e vão este fim-de-semana a um cinema. vejam estas maravilhas. não tenho muitas palavras para isto. vão. vão.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Olha o nível

Tristes cenas, hoje, no Senado Italiano!!!
Não estaria por lá ninguém que lhes dissessem: Porque no se callam!!!

noites sem sexo são perfeitas também (II)

[625]

francesinha
esteva 2003
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café e beirão
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.
.
.
.
.
sono
p.s. normalmente as noites são boas. as manhãs é que não.

noites sem sexo são perfeitas também *

[624]

estava deitado há uns sete dias seguidos. doí-me o corpo da posição. sem água nem pão. sem sossego, ou apenas e só a solidão. era um quarto igual aos outros do fundo do corredor. tinha as luzes da noite a entrar de mansinho pela persiana. iluminava mais ainda, com uma luz entrecortada, o grande sofá do canto. eu de ouvidos postos no rádio ouvia tudo o que passava nas emissoras. mesmo as mais estranhas. e depois de sete dias seguidos a ouvir o mais esquisito dos sons emanados em ondas hertzianas, surgiu na busca automática o francisco josé viegas a aconselhar livros, a discutir em amena cavaqueira, as vertentes da escrita.
.
foi um resto de noite mais calma. mais agradável.
.
quando saí comprei o longe de manaus. é um agradável (diferente) livro policial. e agora, para vocês, a recitação do poema na apresentação do livro na casa fernando pessoa em lisboa.




* título do poema de francisco josé viegas, do livro se me comovesse o amor, quasi edições

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Vencedor do Rally Dakar 2008

Espero que no próximo ano ganhe um piloto mesmo á séria!!!

espaços vazios

[622]

antes de um jantar dos que nos deixam com vontade de comer o resto da noite toda, peguei num livro da estante e relaxei. ora, a verdade que nos assalta aos olhos, mesmo que por vezes nem nos apercebamos disso, é que temos livros muito bons para serem folheados. mesmo que um pouco moribundos na estante.
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o caso do livro da antologia poética de álvaro de campos, que eu peguei e li na diagonal, deixou-me a impressão de que existem palavras escondidas de cada vez que lemos alguma coisa. neste caso, saltaram-me à vista algumas frases que não poderia deixar de partilhar. pela sua simplicidade.
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"[...] porque a recompensa de não existir, é estar sempre presente.[...]"
"[...] ouço a alegria, amo-a, não participo não a posso ter [...]"
"[...] vou atirar uma bomba ao destino[...]"
.
é claro que depois do belo jantar nada melhor que um bom café.
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e depois um banho de relaxamento total. e um pouco de angustia. duas ou três frases escritas. uma série de médicas que nos diz uma outra frase magnífica,
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" so, here's a truh about the truth, it hurts...that's why we lie."
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quando acaba a anatomia da vida no ecrã, mergulhamos um pouco nas imagens criadas pelos escritores. eles querem deixar-nos viajar pelo mundo dos abstractos perfeitos. e por vezes permitem-se a perfeições. e deixam-nos adormecer mais felizes. ou acordar com mais dores de cabeça, com tanta verdade metida olhos dentro.

p.s. tive muita pena de não estar presenta na apresentação do último livro de poemas de francisco josé viegas, na fnac. pena, pena, pena ...

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Os andróides sonham com cordeiros...mecânicos?



"Do androids dream of electric sheep?

A pergunta coloca-nos perante um estranho enigma: o que faz do ser-humano, um ser-humano?

Em 1966, Phillip K. Dick escreveu um conto sobre os dilemas existenciais inerentes a um "caçador" de androides, Rick Deckard, inebriado por uma paixão avassaladora a um ser artificial, um replicante, que outrora jurara friamente perseguir e abater (ou "reformar" como nos é confidenciado pelo eufemismo na obra).





Em 1982, a mesma obra deu origem a um filme de culto de Ridley Scott (mais reconhecido pela mestria na transposição sinestésica do que propriamente pela coerência na estrutura narrativa, ou precisão histórico-realista). Havia nascido "Blade Runner" e com ele o retrato do amanhã nunca mais seria o mesmo.




O filme inicia-se com o plano alargado de uma vasta planície neo-industrial, povoada por milhares de arranha-céus, fábricas sujas, tubos retorcidos e torres capazes de ejacularem vastas proporções de fogo, denso e asfixiante. No centro dessa planície, povoada por uma infinitude de elementos caóticos, parece no entanto, despontar sinistramente uma centelha de ordem alienígena, dois edifícios que destacados pela sua imponência e autoridade faraónica desafiam as fornalhas do Hades. As duas piramides da empresa Tyrell asfixiam a atenção do espectador em toda a sua glória barroca e opolência, e logo no inicio, já estamos rendidos á visão profética dos seus fotogramas.



(Deckard sonha com unicórnios.)

No futuro, mais concretamente em Los Angeles de 2019, o mundo encaminha-se para "dias perigosos" de sobrepopulação, chuvas ácidas intermináveis, paranóia e solidão convenientemente acarinhados por uma ditadura da tecnologia. Rick Deckard (o seu nome é uma reminiscência propositada do filósofo dualista, Descartes) é um detective veterano, reformado precocemente pela brutalidade do seu trabalho em"reformar" "replicantes" da esfera terrestre.

(Deckard sonha com unicórnios.)

Os replicantes, são o progresso definitivo na ciência genética. Réplicas perfeitas do Homem, criadas pelo engenho das empresas Tyrell. No entanto, por serem tão perfeitos, fisica e intelectualmente, representam uma espécie de triunfo do Übermensch Nietzschiano, o próximo degrau na evolução. Assim os replicantes são como que centelhas mais brilhantes, que por serem mais cintilantes, brilham mais intensamente que as outras, no entanto, em todo o seu esplendor também se consomem mais rápido que as outras centelhas mais medíocres(os seres-humanos). A sua existência envergonha os seus criadores, pela sua excelência e superioridade, por isso a solução mais fácil é "reformá-los" da existência humana.

(Deckard continua a sonhar com unicórnios.)

Cinco replicantes de uma estirpe superior (Nexus 6) percorrem furtivamente as ruas de Los Angeles em busca de uma resposta para o supremo enigma existencial, esse enigma só pode ser revelado pela esfinge/Deus/Pai que é encarnada pela figura do Dr. Eldon Tyrell. O génio da genética e criador de vida artificial. No seu caminho existe apenas um obstáculo, o implacável detective Deckard (Harrison Ford, numa monumental performance em "under-acting") com o objectivo de exterminá-los.

(Deckard ainda sonha com unicórnios.)

Na eminência de exterminar o líder (Roy Batty) e último dos cinco andróides, Deckard descobre o verdadeiro sentido da palavra humanidade, porque o seu outrora antagonista transmuta-se numa espécie de neo-messias, que aceita pacificamente morrer, para que Deckard possa ser salvo do delírio do preconceito e da intolerância humana. Uma fagulha apaga-se finalmente....



(Deckard já não sonha com unicórnios e descobre que os seus sonhos não são verdadeiros, mas sim, implantes da empresa Tyrrel.)



As últimas palavras de Roy Batty- "Se vocês pudessem ver o que eu vi com estes olhos (...) e tudo isso se irá perder, como lágrimas na chuva! É tempo de morrer."


E a pergunta ainda se sustêm:


Os andróides sonham com cordeiros...mecânicos?





1, 2, 3

Quem se lembra da nossa amiga "Bota Botilde" e do "tio" Carlos? Boas gorjetas que ele dava...
Estas duas situações bem que me fizeram lembrar o concurso.





86




E tu quantas consegues?
1, 2, 3 diga lá outra vez...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Euromilhões


Euromilhões para um, Euromilhões para todos.

a sorte grande saiu a um dos nossos (por motivos óbvios não posso dizer quem).

e como um camurcina é um gajo de palavra, fez aquilo que tinha prometido. Alugou um avião, mandou pintar a nossa imagem e comprou uma ilha para os restantes camurças irem passar uns meses de ferias.

estivemos divididos entre escolher uma ilha no pacifico sul ou ir para a Apúlia com regime tudo incluído. Depois de um milésimo de segundo de indecisão escolheu-se, a muito custa, a ilha de Malolo nas Ilhas Fiji.

é mesmo esta ilha....






peço a quem estiver interessado em ir, para me contactar até ao fim da semana. o avião parte no sábado. escusado será dizer que tem que ser camurcina...
é também necessário escolher a residência antes de partir.

escolham a vossa.
Aviso que eu não quero ficar na casa ao lado do Camurcina Ex-Pai Natal. Ressona muito (até há gravações disso) e a finalidade daquilo é mesmo para o sossego.



é também preciso decidirmos entre nós quem leva as "cartas" para se jogar à "sueca" e os dias que cada um tem, para ir para a ilha do "jogo"... Não se vai deixar como de costume para a ultima. É para decidir antes de ir!!! (esta ilha fica lá perto e dá bem para se ir de lancha, 3 minutos +-) o barco claro também está incluído.



Pronto, estão avisamos, comecem a despedir-se dos empregos, contactem-me, façam as malas, juntem as vossas "cartas" e sábado lá vamos nós pá p*t* da nossa ilha!

só mais duas fotos para aguçar o apetite...





p.s. Andy não chegues atrasado como de costume...

p.s.2 Zé Baptista, passamos aí na Guiné pelas 10.30h e seguimos directamente daí. traz cerveja.

vamos criar um mundo novo

[618]

grande música. do blog do nosso pedro ribeiro.

"Vamos abrir outro mar
Fazer a ponte cá dentro do peito
dar um abraço que é dado a cantar
e o mar fica assim mais estreito"

quem não vai dançar e rir e fartar-se de rebolar com tanto artista unido contra a fome? e foi uma óptima campanha. por moçambique. aqui.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Selecções de Manuel Cross: Sobre a Tolerância


Sob os dias do século vinte e um, levita o vil e inefável espectro da (i)materialização do terrorismo. Assim, alucinados por um fanatismo ideológico e resguardados por uma covardia inesgotável apertam cada vez mais o trágico nó ao laço avulso que é a vida humana.




Por isso, pensando na historicidade filosófica, sempre pronta a desvelar as respostas mais condignas para os problemas mais insolúveis, sugiro um pensamento de um excelso escritor/ensaísta/romancista/satírico (mais do que propriamente filósofo) que ecoa desde o século das luzes até hoje:



"O direito de intolerância é, pois um absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, e é bem horrível; porque os tigres matam para comer e nós andamos a exterminar-nos por causa de parágrafos."





François-Marie Arouet, vulgoVoltaire (1694-1778)

sábado, 19 de janeiro de 2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

o amor é ...

[615]

o amor é uma palavra dedicada mesmo sem sentido,
o amor é assim por dizer um aconchego ao ego que todos prometemos ter.
todos queremos ter.
todos merecemos ter.

o amor é um emaranhado de cabelos na cara, cheirosos, e mesmo incomodativos
e tu não os desvias com medo de perder na memória o momento.
o momento que queremos ter.
o momento que merecemos ter.

o amor é uma vitória moral, diária, de pulmões cheios
de vontade emancipada à destruição pelo marasmo.
vitória que queremos ter.
vitória que merecemos ter.

o amor é um sorriso branco e resplandecente com cheiro a maresia,
espuma de areia envolvida com suaves toques humedecidos de saliva.
sorriso que queremos ter.
sorriso que merecemos ter.

o amor é o descanso deitado em sossego, acordado em lençol branco,
de certeza construído em cada manhã.
sossego que queremos ter.
sossego que merecemos ter.

o amor é o toque de pele suave, mãos dadas ao frio e ao vento,
de segredos impressos no deslizar do contacto.
pele suave que queremos ter.
pele suave que merecemos ter.

o amor não é senão uma astuta certeza de hoje. um sofrer baixinho
pela incerteza de amanhã.
o amor não é senão o que os olhos nos contam, água e sal correndo,
pela cara destroçada por vezes.

e se o amor não for isto que em palavras ponho,
seja então o que o coração manda.

mistérios

[614]

a vida tem tantas coisas boas, que merece que a gente aproveite algumas.

Sim, à Provedoria Municipal dos Cidadãos com Deficiência

“Acessibilidades para todos” devia ser uma das grandes preocupações da cidade de Braga.


"Acessibilidade" é um conceito lato que significa a possibilidade de acesso das pessoas com mobilidade condicionada, de forma permanente ou temporária, aos edifícios públicos e privados, aos transportes e às tecnologias da informação e da comunicação.

A Acessibilidade deve basear-se no Desenho Universal, para facilitar a participação social e o acesso aos bens e serviços a um maior número possível de pessoas e assim contribuir para a inclusão na sociedade.

Quando se fala em acessibilidade, deve-se ter em conta que ela é direccionada para toda a diversidade humana, ou seja, pessoas altas, baixas, muito obesas, mães com carros de bebés, grávidas, idosos, pessoas com vários tipos de deficiências.
A acessibilidade tem como base inserir todas as pessoas na sociedade, independentemente da sua classe social, económica e cultural.

A constatação que a cidade de Braga não serve todos os que nela habitam e trabalham, aliada à profunda convicção da necessidade de construir uma urbe para todos, devia fazer com que o Executivo da CMB criasse, o cargo do Provedor Municipal dos Cidadãos com Deficiência.

saldos passados ou viagem de vida

[612]

disse a mim próprio que os saldos são a melhor solução para renovar o stock de roupas, aquelas mais usuais, as necessárias, não apenas a moda ou por mera necessidade do ego, preenchendo os espaços vazios da alma com trapos.
.
depois pensei melhor e disse que preferia gastar esse dinheiro numa boa viagem. aproveitar o feriado e ir daqui para fora. e vou mesmo.
.
é para a cidade há algum tempo desejada.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Woody Allen - Esse grande maluco...

"Há duas semanas envolvi-me num exemplo extremamente bom de contracepção oral. Pedi a uma miuda para ir para a cama comigo e ela disse NÃO".

Woody Allen

Mais stand up comedy deste senhor AQUI.

Vale a pena espreitar.

A Caixa de Perpétua.

Insucesso escolar...

O insucesso escolar vai certamente aumentar na Escola Secundária de Maximinos (Braga). Agora os alunos só querem ir até ao 11º... e ficam por lá a estudar "literatura de bordel".

MUITA ATENÇÃO!!!

Pessoal... Eu sei que já vai um bocado tarde que esta notícia já tem umas horas (eu é que só me lembrei de fazer um post por causa do post provincia lisboeta) mas...

CHEIRA A GÁS EM LISBOA!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Carta sobre a INtolerância.


Antes que me comecem a esconjurar com miriades de frases feitas e plêiades de lugares-comuns politicamente correctos, passo a explicar:


"A Tolerância é muito fatela. Diria até, é bué da foleira!"


Este rubicão a que muitos filósofos dedicaram silogismos e pelo qual tantos poetas cantaram inspirados versos revelou-se uma tremenda conspiração mundial, que dia-a-dia, nos vai anestesiando e contaminando a consciência com tolices e falsidades.


Senão repare-se, graças á TOLERÂNCIA, nunca tantas bichisses estiveram na moda. Começando nas séries televisivas (excepção feita à Letra L, porque sempre vai mostrando umas mamas de vez em quando! No entanto, é sempre aconselhável televisionar a série em causa, sem som e sem ler as legendas, afim de evitar alguns dos diversos assuntos amaricados retratados) acabando nos apresentadores/actores/entertainers e muitas outras bizarrias da caixa mágica, sempre solícitos para nos convencer que a brancura imaculada dos seus novos dentes aliada aos fabulosos fatinhos feitos com material de cortinado e polyester serão capazes de salvar todas as desgraças do mundo(sim, estou a falar do histérico Gouxa). Não, não podem, apenas o vão tornando um bocadinho pior.


Neste momento estarão prestes a espreguiçar em jeito de crítica "porque não mudas de canal?", a resposta é simples, porque sou bem educado e como tal fui ensinado a ser condescendente para com a boçalidade, além disso o kitsh também é engraçado, também é artístico, e tudo?


Chegado aqui gostaria de dedicar um majestoso parágrafo à verdadeira sumidade do paneleirismo internacional, esse belo pavão do mundo do show bizz, o Cláudio Ramos pois claro! Novamente, é graças à TOLERÂNCIA que esse monstro da retórica e da argumentação pôde e pode sentar o cu (eu digo cu, porque que começar a tratar as coisas pelos nomes!) no prime time da télvisão protuguesa! Para chegar a essa conclusão basta imaginar a entrevista de emprego de Claúdio Ramos ao chegar à SIC:


(Gestor de Recursos Humanos) -Pois muito bem, aqui no seu currículo diz que tem bastante experiência no ramo?


(Claúdio Ramos) - Sim, sim! Nunca ouviu os meus anúncios sobre a linha SOS FOFOCAS, com todas as novidades sobre os casos da Cinha e do Zé Maria. (sorrindo triunfalmente.)

-Além disso já trabalhei como portei... jornalista no "Diário de Cucujães".


(Gestor de Recursos Humanos) - E quer trabalhar na televisão porquê?


(Claúdio Ramos) - Porque o mundo precisa desesperadamente de saber qual a minha opinião sobre a situação geo-política internacional, além disso, a Fátima Lopes precisa de um fiel séquito de bajuladores a que estarei disposto a anuir. Além disso, tenho uma linda voz de Soprano que pontualemte só os canideos são capazes de ouvir.

-Aaah, e gosto de bananas!


(Gestor de Recursos Humanos) - Está contratado!



Enfim, se este mundo fosse um pouco mais intolerante e monista nas suas preferências, talvez vivêssemos numa época existencial dourada. Para tal bastaria que fôssemos um pouco mais fascistas ( se o nosso "primeiro" consegue e têm sucesso, porque não fazemos o mesmo?) um bocadinho mais chauvinistas, de forma a acabar com as modas parolas que adoptamos tão facilmente do estrangeiro (aqueles toques de telemóvel com o crazy frog ainda hoje me causam calafrios) e por último, se Portugal e o mundo fossem um pouco mais machos, sem queixinhas, sem lamentações, sem floreados e desculpas, em suma, sem paneleirices!



P.S. Para aqueles que me lêem, gostaria de sublinhar que não identifico o termo paneleiro ou amaricado com qualquer tipo de preferência sexual, mas sim com a absoluta obnoxidade, ufanidade fanfarrona, nojo, asco, fastio, irritância sonora disfarçada de voz, verborreia infantil e paternalista, sob a forma de gente.


P.S. - 2- Enquanto teclava másculamente no computador fui inspirado pelas músicas viris do António Variações. (Ali, à homem! Com bigode.)

Tieta

Também é um clássico dos anos 80...



Lembram-se da Perpétua? Um chocolate para quem disser o que guardava ela como recordação do marido defunto...

inveja

[605]

invejo quem sente a felicidade sem se questionar se o que sente é verdadeiro. dirão esses incautos libertinos, de paz de espírito reinantes, inquestionantes, sossegados perante o acaso da vida, que se sorriem é porque estão felizes.
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eu desconfio dos sorrisos. assim da forma como eles são. tão insistentes e estridentes, que me soam a alarmes exteriores de buracos sentimentais.
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e assim, ou eu estarei enganado, e não sei ser feliz, ou eles é que se andam a enganar a si próprios.

provincia lisboeta

[604]

depois do caso mateus, agora o caso meyong. enfim o feitiço virou-se contra o feiticeiro, e aguarda-se pela justiça.
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e os que chamaram (e chamam) parolos ao fiúza, esquecem-se que o norte não é só o porto. e aquelas cenas no terreiro do paço, dignas dos parolos do sul, em que andaram à estalada para levarem sacos de castanhas para casa e provarem o vinho, não deixam de mostrar que o povo é feito do mesmo de norte a sul.

Spot Promocional

Caros camurcinas. Farei chegar até vós este spot promocional do blogdos5pês. Se acharem por bem, divulguem e ajudem o blog a aumentar (ainda mais) o número de visitas.

Xau Tau Pimba

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Se és jovem


Queres curtir um cabriolet?

Queres pisar traços contínuos sem ser incomodado?

Queres andar de carro sem cinto de segurança?
Junta-te a nós! Alista-te!

[600]

a noite do oráculo, paul auster, asa editores, pp. 201 (***)

é com agrado que o post 600 fica registado com mais um texto sobre um livro. o livro que hoje trago, analisando-o de forma rápida, é o de paul auster, a noite do oráculo.
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foi o primeiro que li do autor e achei-o interessante, embora tenha criado expectativas demasiado altas, que, pelo menos com este título, não atingi. contudo é um bom exercício que combina um realismo americano, do seu quotidiano, com o fantástico e o mirabolante.
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vou começar a ler outro. espero que seja um pouco melhor. de qualquer das formas este é típico de paul auster. um homem, escritor, que começa a escrever uma história depois de algum tempo parado com problemas de saúde, entra numa catadupa de acontecimentos e descobertas que o deixarão a ele, e ao leitor, perplexos com a viragem que a história toma.

vale pelo caderno português repetido à exaustão como um caderno mágico que atrai a história, e pelas referências ao norte de portugal.

três estrelas para a noite do oráculo.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

a boneca - o teatro em parceria

[599]

asseguram um bom espectáculo. e podem ter a certeza que é. não que sinta à vontade para falar sobre a temática do teatro, pela falta de cultura que durante anos se instalou em braga, mas o certo é que o gosto entranha-se com o tempo.

a história adaptada do início do século XX, mostra-nos os costumes, a instituição do casamento com a subserviência da mulher, o poder masculino, o domínio económico pelos mesmos e a regras institucionalizadas para a mulher como mãe e dona de casa exemplar.

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a peça, com um intervalo algo inesperado, mas que se compreende depois fazer parte da necessidade de mudança de visual dos actores, tem nessa segunda parte um clímax, compreensível com o aproximar do final, embora a mudança seja demasiado vincada. os elementos marcadamente de carácter dos personagens, são alterados de forma demasiado abrupta, embora o desenlace permita aceitar que as mudanças naquelas vidas acabam justificar a alteração. termina com um exemplo de emancipação da mulher, e a revolução que operaria em alguns anos do início do século passado.
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vale bem a pena assistir. é uma forma de crescimento. é um prazer que se tem ao imaginar todo o esforço de caracterização e encarnação daqueles papéis. é um deleite certos rasgos de interpretação condizentes com este nomes conhecidos do panorama teatral nacional.
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pessoalmente, depois de mais de dez anos sem um espaço em braga onde pudesse ser representada uma peça com as condições mínimas, é um enorme prazer assistir agora com frequência a estes espectáculos.
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é pois, uma excelente iniciativa de parceria com resultados evidentes de sucesso.

Por de trás de ti...

Por de trás de ti. Por de trás de ti,
há um mundo,
um mundo que não se consegue ver.
Sinfonia a despertar,
transparência total,
invisível a qualquer olhar.
Olho para ti e só... só me apetece falar:
És tu quem eu quero,
é o teu mundo que eu espero,
são as tuas mãos que eu aturo,
é o teu amor que eu procuro.
Por de trás de ti. Por de trás de ti,
há um mundo,
um mundo ao qual tenho que pertencer,
do qual temos que partilhar.
Quero-o conhecer,
Desejo-o amar.
Por de trás de ti. Por de trás de ti,
eu quero estar,
tens de me deixar lá ficar.

os dias antigos

[597]

tive dias em que trabalhar era um prazer enorme. não havia ali nenhum esgar de esforço que fosse sinal de exasperação. eram dias agradáveis à vista, ao tacto e aos sentidos que inventei. eu não senti qualquer tipo de criação naquelas passagens. eram as cadências que iam aos poucos desvanecendo, sem pressa ou pressão. o conta-gotas esvaziando, sem que ninguém corrresse a virá-lo do avesso.
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no rádio passou um excerto de fernando pessoa, porque seria traduzido em espanhol, ou catalão, já não me lembro. dizia assim com o respectivo sotaque,
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" [...] Errei a porta do sentimento, [...]
Hoje não me resta (à parte o incómodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida.
[...]"
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é verdade. o tempo passa rápido e nós nem lhe damos razão. embora ele tenha sempre.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

theatro circo

[596]


eu vou

convite demorado em reposta difícil

[595]

antes de escrever este texto, desafio lançado pela [tons de azul], gostaria de dizer que esta resposta vai muito atrasada e por isso peço desculpa.
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isto chama-se desafio-encruzilhada. consiste em escrever um texto com os títulos dos últimos 10 posts. a ver vamos o que sai daqui...
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"cinenimação
(ou o filme das nossas vidas)
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os dias que passam assim, escritos como a prosa-poesia ou o poder da escrita, encontrados na ponta dos dedos, ou com olhos de leituras infinitas, passam devagar. sonhamos como se fossemos artistas. ai pacheco, pacheco, recebi a tua carta em que me dizias de justiça vã, que a minha poesia era uma porcaria. sem apresentações e lições, sem as visitas que merecias, detinhas-te em considerandos antes da morte. e eu perguntava para onde ias assim em corrida apressada. respondeste-me, só se for para lá. e foste.
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ora digam lá se isto não é uma azeitada sem (cid)eração? que falta de respeito."

Alguém que me explique

Expliquem-me uma coisa que eu não entendo até porque não sou perito em economia.

Se em 2002 um barril de petróleo custava 70 dólares, o que equivalia, grosso modo a 77 Euros e hoje ele custa 100 dólares, o que equivale sensivelmente a 70 Euros, como é que se pode dizer que o petróleo subiu de preço?

Ou será que o problema está no facto de nós Europeus continuarmos a aceitar o dólar como moeda referência para as transacções internacionais?

Mas. como disse, não sou perito em economia, por isso se alguém me conseguir explicar isto eu agradecia.

cinenimação

[593]

eu gostava de saber se este premiado em cannes, é em si um resultado lento, ou se, pelo contrário, é a vida que se tornou muito rápida.

sem muitas palavras, gostei da segunda parte. e do final. ao gosto dos derrotistas. ao gosto dos descrentes. enfim, tal qual a vida é. as coisas são como são.
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trailler

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Saudades

tenho saudades
mas não são saudades de ti
são saudades de mim
saudades de sorrir
quando volto depois de partir
tenho saudades
de correr e andar
aos pulos como os putos
rua abaixo até ti

tenho saudades

sinto falta de estar vivo
há muito que estou morto
há muito que não estou contigo

a prosa - poesia ou o poder da escrita

[591]

o remorso de baltazar serapião, valter hugo mãe, quid novi - 174 pp. (*****)
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e assim passou uma semana. deleitado sobre esta preciosa escrita roubada aos dedos mais escorreitos que li nos últimos tempos, debrucei-me com todo o cuidado para que nada me escapasse neste enredo que me chegou às mãos.
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a bem da verdade, merece ser destacado de facto o papel importante que a FNAC desempenha na vida cultural da cidade bracarense. eu pelo menos assisto com regularidade aos eventos que por lá passam. uma das apresentações recentes, que presenciei, foi a de valter hugo mãe. esteve a apresentar o seu livro galardoado com o prémio saramago. a apresentação foi interessante e ágil, de modo que prendeu até ao fim todos os que lá se deslocaram.
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a entrevista foi conduzida pelo paulo brandão, director do theatro circo, amigo do escritor, e a impressão que fica é a de uma tremenda humildade com que encara o público ou como se relaciona na hora de interagir com os leitores.
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a história de baltasar serapião, vivendo em tempo e espaço que, na minha opinião, poderia ser bem enquadrado neste século, e não só na idade média, mostra-nos o lado mais obscuro da vida em tempos difíceis. talvez seja assim mesmo, tal e qual ela é. o casamento com instituição, a escolha dos casamentos pelos pais, os senhores donos das terras e do trabalho dos serventes, a loucura da educação das mulheres numa época de pouca liberdade, o amor encarado das mais fortes perspectivas, e os remorsos de quem luta uma vida por um ideal e ele sai furado. no final ninguém ganha. toda a gente perde.
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aliás, no fim só ganha o leitor. a escrita leva-nos a apreciar este estilo prosaico, impregnado de poesia, recriando algumas formas de oralidade de há algum tempo perdidas. uma delicia pois então.
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queria deixar duas citações, das menos obscuras. pelo menos estas duas eu senti terem saído de um estado de inspiração maior.
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"[...] senti uma felicidade absoluta, uma felicidade infinita como se possível fosse que, ali no meio de nada e deitados para a solidão, estivéssemos no paraíso. senti uma felicidade assim, como se, ainda mais, fosse posível não querer ver os defeitos de uma mulher e amá-la e conservá-la para além do que deus queria. [...]" pp. 169
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"[...] sabe, senhor paulo, as mães são como lugares de onde deus chega. lugares onde deus está e a partir dos quais pode chegar até nós. porque só através delas nos encontramos aqui. e, por isso, não há mãe alguma que não mereça o céu, porque, em verdade, as mães transportam o céu dentro delas, e multiplicam-no a custo, como um ofício [...] haverá de se ter debaixo desta pedra uma mulher como se fosse uma própria núvem do céu, uma coisa muito leve sob o peso da pedra. muito leve mas forte, capaz de resisitir aos ventos. capaz de fazer tempestades. [...]" pp.73
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e termino dizendo que a literatura portuguesa tem muitos e bons nomes. eu prefiro a literatura portuguesa.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

ai pacheco, pacheco

[590]

tirado do blog [andré benjamim], cito uma das cartas de luiz pacheco. passou a leitura em cogitação.
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" [...] ias a meu lado pela última vez e eu era já um estranho para ti, um fantasma a quem se concede, por caridade, uns momentos mais de companhia, algumas palavras vagas distraídas, um pouco de estima, talvez. [...] Hoje, havia de rir ou chorar, era a máscara do momento; mas diria: tanto faz..., tanto me faz... Sabia-o! [...]"

só se for para lá

[589]
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se me dessem um mês de vida eu faria apenas e só uma viagem. não queria saber de quimioterapia. nem de cuidados paliativos. corria à primeira agência de viagens, com o mínimo conhecimento e oferta de condições credíveis, encomendava a viagem, preparava tudo, em agonia é certo, mas iria viajar sem olhar para trás.
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quando chegasse e sentisse o frio enrijecer todos os músculos do meu corpo, daria razão ao meu amigo, aquela cidade é muito fria no inverno. e desceria a respirar o ar cuidadoso e cosmopolita. ia rir, ou chorar, se percebesse que ali era o espaço que eu deveria ter partilhado a minha vida toda.
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depois de me instalar no hotel, a primeira saída seria ao parque. ao enorme parque. sentar-me num daqueles bancos de jardim, a respirar o puro ar da vida em corrida, em jogging. fecharia os olhos e ouviria a canção dos anos 80, "and in the naked light i saw / ten thousand people maybe more", e inspiraria pelo final descansado. eu, o meu eu em descanso, em finita descrença.
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se tivesse um mês de vida, ia a nova iorque.

Não se animem


Duas empresas de Amsterdão resolveram ir além: lançaram dois licores - o Squeeze Hennep e o Kierewiet - feitos com extrato de maconha.
As novidades foram reveladas durante a feira internacional de bebidas de Horecava.
Os licores serão vendidos normalmente em supermercados e lojas especializadas.
O porte de até 5 gramas de maconha por pessoa, a venda em estabelecimentos autorizados e o consumo são permitidos no país desde a década de 70.
Não se animem, a importação não está autorizada!!!

os dias

[587]

os dias de trabalho, contados assim aos palmos, aos centímetros de vida, parecem longe demais. os dias contados devagar, com a calma reinante, penteados, resignados, parecem uma muleta de auxílio. e a bem da verdade, merecia uma prenda para comemorar os mais de 4 anos de serviço a esta causa. aqui podem ver o que me ofereci.
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sempre são 1500 dias de trabalho que hoje se comemoram

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Samantha Fox

para todos aqueles que na década de 80 tiveram o privilégio, de como eu, visitar e frequentar as tradicionais oficinas de automóveis ("alficinas" em alguns sítios).
esta menina aparecia em mais de metade dos calendários lá expostos.



homenagem também a todos os camionistas que fizeram questão de a exibir por essas estradas fora.

p.s. fez parte de uma votação aqui no blog, em que perdeu para a Eva Longoria...

recebi a tua carta

[585]
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acredita que não posso ser mais eu do que assim sei ser.
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por ter lido a carta em estado de atraso pela demora dos correios devo então dar-te as respostas,
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1. trabalho, leio, rio um pouco, vou vivendo.
2. às voltas na cama, no carro parado no semáforo, em lado que me assalte a cabeça.
3. azul claro.
4. poucas vezes. acordo muitas vezes atormentado.
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assim são as cartas. escrevem-se e despedem-se. são só palavras de momentos. instantes. distantes.

apresentações e lições

[584]

josé luís peixoto estará em braga, dia 24 de janeiro, às 18h30 e em guimarães dia 25, às 21h30, em ambas as instalações da livraria centésima página, para apresentar o seu último livro, CAL.
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entretanto, vamos começar todos a escrever que o el-gordo português pode tocar a alguém.

Fora do jogo 2

Não sabia o que era um “fora-de-jogo” até há pouco tempo. Foi o meu amigo Zé que me explicou depois de ter lido a minha ultima triste crónica, onde eu tentava perceber o que seria um “fora-de-jogo”.
Pelo que percebi é quando um jogador se posiciona á frente do adversário no território do adversário, e por isso age em falta.

Sendo isso mesmo acho que devíamos adoptar essa regra para a vida real, social e sexual.
Muitas vezes estou na discoteca, a definir o meu território e sempre com os olhos nas bolas de uma bela moçoila que lá está. À espera para aplicar a táctica 2-3-7-1-5-3-3-6-4-3-3-7-7-3-7-7-7-7-7-7-7-7-7-7-7 (táctica retirada de um episodio “friends”), e de repente surge no meu território, entre mim e as bolas, um adversário.
Estas situações que me acabam sempre com o jogo (porque não jogo muito bem de cara), deixariam de existir.

Viva o “fora-de-jogo”.

Bolha Branca

Depois da última crónica reflecti se deveria continuar a escrever sobre futebol, porque segundo o meu amigo Zé (que percebe de futebol), as minhas crónicas são parvas e ridículas, são uma bela merda. Mas decidi no início deste novo ano que irei realizar o meu sonho, o de ser considerado o melhor comentador desportivo, por isso continuarei a escrever minhas crónicas – BOLHA BRANCA – quer queiram ou não.

as visitas

[581]

gosto das visitas inesperadas, mas não gosto de surpresas. é só a ideia que tenho de questionar quem por aí passa, se vale a pena. onde encontraram elixir, ou causa que o valha, de se meterem aqui adentro todos os dias?
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terminei o livro maravilhoso. ainda hoje falarei dele.
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e haverá forma de dormir sem ser incomodado pela cabeça a pensar em todos os assuntos importantes, ao invés de descansar na hora devida? carrego um corpo que definitivamente não gosta de mim...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

azeitada e (cid)eração

[580]

o dia 26 de janeiro promete ser animado. um sábado dedicado à música, com a visita dos azeitonas à FNAC de braga. assim sendo estarei lá na primeira fila para assistir à demonstração do azeiteirismo com grau de acidez tamanho, que os torna num azeite de muita qualidade.
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à noite, na nova sala de guimarães, são mamede, josé cid lança chamas e labaredas de música aos seus fãs. gostava de estar presente. mas não sei se vou poder lá estar. a ver vamos.

Braga Antiga



Avenida Central

Quem se lembrará?

[578]
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pousou a mão onde não devia, mas ela não se mexeu, não se queixou, não barafustou, não regateou, nem tão pouco se importou. aliás teve a sensação de que ela pensava que era já tardio aquele gesto. mexeu-se um pouco na cadeira como quem acelera o processo, ele tremia já um pouco sem saber o que fazer. ela olhou para ele, deteve-se no olhar, e disse-lhe que quem se quer arriscar ao petisco, nem sequer precisa de isco. ele não percebeu mas enterrou a sua mão mais ainda. devagar por certo, pois petiscos não abundam, muito menos dados assim à facilidade deste. olhou-a como quem pede uma ajuda e ela então despegou na mão dele e saiu.
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liga-me amanhã
podia ser do frio, mas o certo é que ele parou de tremer.

considerandos

[577]

o luiz pacheco morreu.
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vi um excelente documentário sobre o helberto hélder (o poeta obscuro).
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o braga definitivamente não quer chegar ao terceiro lugar, como eu previ.
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e imaginei o ministro da saúde a embirrar com o das finanças e o sócrates como bom treinador, substituiu-os.
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de resto, o barril de petróleo tornou-se uma prostituta de luxo (100 dólares?).

sábado, 5 de janeiro de 2008

Rap das Armas

Não apoiem a pirataria...

Mas se quiserem as vossas series preferidas e filmes acabadinhos de sair podem visitar
www.isfree.tv
Os downloads são feitos através de MEGAUPLOAD ou RAPIDSHARE, não precisam de esperar pelos ficheiros e sacar....

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

na hora errada

[574]

roubado indecentemente do [vontade indómita]. chama-se telex.
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[....] Dizes-me que gosto mais de Nova Iorque do que de ti, o que basicamente é uma grande mentira. .
Dizes-me que todos os homens são uns egoístas, o que essencialmente é uma grande verdade.
[...]

Braga Antiga

Praça Conde Agrolongo
Só faltam os "mamarrachos" lá no meio!!!

leio, logo critíco

[572]

ora, seguindo os meus princípios de criticar o que conheço, apenas e só, embora algumas vezes não tão bem fundamentado, no que toca a livros, só falo deles quando os leio. se não conheço, apenas posso ter uma ideia da forma como os escritores escrevem, ou como são como pessoas. no caso de miguel sousa tavares, já disse e repito que o acho um pouco exuberante quando expressa opiniões. exagera na acutilância, e isso não deveria acontecer. a personalidades públicas pedem-se opiniões, pagam-se aliás. e embora ache que devemos ser firmes, isso é interessante na vida real no dia-a-dia.
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como escritor, li o seu romance anterior, "o equador". gostei muito. pareceu-me bastante entregue a uma escrita que lhe terá dado com certeza imenso prazer. nota-se pela forma como alguns romances são escritos, que há ali a pressão dos prazos de entrega dos trabalhos. com o equador isso não se verificou. neste mais recente, embora ele afirme que não teve essa pressão pareceu-me existir algum esforço, não muito conseguido.
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assim sendo, em boa verdade, apetece-me dizer que não sou crítico. apenas deixo a minha opinião. não que queira influenciar quem quer que seja. mas gosto de me libertar do que me fica a nidificar na mente.
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o romance, bem encaixado no tempo e no espaço, engloba muitas vertentes, concentra-se pouco no essencial, parece-me que a vida dos personagens foi pouco explorada, e que as viagens foram exageradamente descritas. já os pormenores históricos foram referidos a espaços e bem medidos.
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começo a ficar um pouco exigente e por isso vou dar duas estrelas a este romance.